Marlene Miranda

 


 

 

Acho divertidas certas coisas que acontecem quando moramos em uma cidade não muito grande. Gosto de andar pelas ruas e sempre encontrar alguém conhecido. Pode ser uma amiga, o caixa do banco, um aluno...

 

Outro dia quando eu estava diante da geladeira do supermercado lendo o rótulo de um queijo, um homem atrás de mim disse em voz alta: ‘está vencido’. Minha primeira reação foi pensar ‘que abelhudo!’, mas voltei-me antes de abrir a boca. Era um amigo brincalhão, claro! Hoje, ao chegar no estacionamento, tive que ficar pendurada na ladeira de acesso, pois havia uma fila de carros bloqueando a entrada. Eu não gosto de largar meu carro ali, temo que o freio não funcione bem... então fiquei esperando abrir uma brecha para descer. E quando pude fazê-lo, outro carro veio buzinando logo atrás, com o motorista vociferando ‘sai da frente, sai da frente!’ Sorte que eu estava de bom humor e não reclamei. Era o mesmo amigo...

 

Andei pela cidade, fiz o que tinha que fazer e quando voltei os garagistas começaram a rir. Disseram que o dono daquele carro tinha deixado a conta para eu pagar...

 

Esses dois garagistas são engraçados, um deles gosta de dizer que é meu vizinho e o outro não se conforma. Como vizinho?... Você mora na periferia! Então ele explica: Ela também. Meu bairro fica em frente ao dela, de um lado moram os pobres e do outro os ricos. É muito mais chique do que os cafundós onde fica a sua casa!

 

É verdade, ele mora aqui perto e seu bairro tem nome pomposo: chama-se Marlene Miranda, o que sempre me faz pensar numa mulher bonita e elegante, com o turbante na cabeça, equilibrando laranjas, bananas, abacaxi...