O celular "tijolo" do meu pai
O celular sem dúvida caiu no gosto popular, eu tinha aquele meu não tão sofisticado, mas, apresentável e usável, já meu pai tinha aquele celular que era usável, porém, não tão apresentável, o famoso celular “tijolo” e o pior, quando ele abria o celular parece que dobrava de tamanho e sem achar pouco, ainda exibia-o pendurando na cintura...
Certo dia, esse estimado celular parou de fazer ligações e de receber chamadas, foi como um velório para meu pai, ele estava inconformado com a situação e não queria perder o celular.
Sem saber o que fazer pediu que eu levasse o aparelho até uma loja de eletrodoméstico bem conhecida nacionalmente na cidade vizinha e tentasse ver se conseguia recuperar o bom funcionamento do tão querido celular...
Chegando a loja com aquele celular naturalmente “egocêntrico”, tratei logo de pegar uma daquelas propagandas em forma de jornal e cobri-lo. Imagine uma loja conceituada em vendas de Eletroeletrônicos e que naquele dia estava acontecendo uma promoção de celulares de última geração. E eu com aquele “monstro” a passar por uma situação constrangedora, mas, me dirigi até uma das atendentes que estava cercada de clientes e falei sobre o estimado aparelho.
Logo aconteceu o que eu temia, ela me pediu celular “tijolo” para levar até o assistente técnico dentro da própria loja para que o mesmo desse uma olhada, foi um alivio, fiquei esperando contados trinta minutos, quando de repente no meio da multidão apareceu a atendente e falou bem alto, gente de quem é esse celular? Todo mundo olhou para o celular silenciosamente com ar de desprezo, risos contidos, misturado com a curiosidade de quem o pertencia, e eu me sentindo como uma avestruz procurando um buraco para enfiar minha cabeça de vergonha, sem jeito, perdido, levantei o braço, peguei o celular e nem esperei a resposta do problema que tinha ido resolver e fui embora, desconsolado de tanto constrangimento...
Cheguei em casa desnorteado com situação e disse para meu pai que aquele celular não tinha mais jeito e que ele deveria enterrar aquele “tijolo” e comprar um mais moderno... E nunca mais quis saber de levar celular “tijolo” para loja alguma...