Babel Entre as Linhas

"Penetra surdamente

no reino das palavras"

C. Drummond

Fui dormir e os olhos, do outro lado, abri. E o que vi, ó, o que vi...

Além do B, vi sumir o A, e observei vir o C; e quando novamente ví, percebi que recuperei a magia das palavras que um dia esqueci; o poder de cada letra que há em cada criatura que habita aqui, daí, dancei com as frase que Tu soprou em meu ouvido, pulei os pontos e vírgulas que impediam o meu prosar, e pude Te ver, Ó Grande Escritor, escrever um soneto de mim.

Penetrei no Reino das Palavras, como meus ouvidos vazios, e fui preenchido com o saber que se esconde dentro de cada célula, e Te vi ali, sorrindo em cada molécula, como se sempre houvesse em mim, a Tua digital. Então, em devoção, lembrei de Ti escrevendo minha vida, e compreendi que as linhas aparentemente tortas sempre foram perfeitas, certa era a Tua letra, poetizando consciência em mim.

Então, eu pedi:

- Ó Senhor dos Poetas do Amor, deixe-me lembrar um pouquinho, para compartilhar com meus queridos, e convidá-los a recitar o Teu louvor.

E o Grande Arquiteto das Palavras, para evitar que eu sofresse em vão ao tentar convencer o meu irmão, fez Babel das minhas lembranças, e acordei falando novamente essa língua estranha que não consegue descrever o que acontece nas entrelinhas da minha alma quando eu durmo.