As mulheres nunca deveriam pensar que são culpadas porque os homens as traem. É mais comum a traição ser do homem, talvez por conta da cultura machista que, infelizmente, ainda existe em nossa sociedade. A traição quando ocorre tem inúmeros fatores envolvidos.No filme de arte “Vejo você no próximo verão”, conta a história de um casal em crise por conta de traição de ambos. O marido sabe dos casos da mulher e, embora passados cinco anos, não perdoa, por não conseguir esquecer, a traição, culminando com a separação. Ela traiu porque sabia que ele andava dando umas escapulidas.Vingança é a solução ou desculpa para uma vida a dois insatisfeita?
Converso, recentemente, com uma jovem senhora de 34 anos, separada há cinco meses. Ela me fala: ”Vou aos Congressos e minhas colegas, casadas, saem com outros colegas. Sei que os maridos já aprontaram e,agora, são elas que aprontam. Elas dizem que minha cabeça é de 60 anos, porque não aprovo este tipo de conduta.” Questão de valores, de normas de conduta, das motivações que estão por trás das ações.
No filme, que tem o roteiro e atuação de Bruna Lombardi, “Onde está a felicidade?” conta a história do marido que faz sexo virtual; a esposa descobre , considera uma traição, embora ele tente justificar que não, já que não houve penetração. Ela não quer saber, deixa a casa e vai em busca da sonhada felicidade, já que sente que a sua vida desmoronou com a descoberta feita. Para se encontrar vai fazer o caminho da Santiago de Compostela.O marido, super arrependido, vai ao seu encontro e obtém, a muito custo,o seu perdão.
O ato sexual para a mulher tem o envolvimento afetivo, geralmente. Para o homem, nem sempre,a começar pela parte física do que está envolvido. Uma amiga minha,na minha juventude, casada, suspeitava da traição do marido e falava-me que não ligava, dizendo: “Lavou, está limpo.” Discordava daquele posicionamento. Tempos depois entendi esta sua fala, porque não demoraria a trair. Este fato me leva a associar ao filme “Postiche”. A esposa, calmamente, aceita a condição de traída, não se alterando, seguindo sua vida de dona-de-casa, acomodada, passiva, alheia à realidade em volta. Desempenha muito bem o papel de esposa, vivendo satisfeita com a vida que levava. Com o desenrolar do filme, descobre-se suas inúmeras traições, sem nada disso interferir na sua condição de mulher casada.
Em relação à traição masculina, Steve Harley, no livro “Comporte-se como uma dama e pense como um homem”, aconselha que a mulher traída pode impor regras e dizer que tolera até outras coisas, menos a traição. Se acontecer, ela deverá estar preparada para sair fora, expulsar seu homem de sua vida. Há casos que poderá caber perdão, esquecimento nunca. Fico me questionando: até que ponto uma relação minada pode sobreviver para encontrar , na maioria dos momentos , uma felicidade, uma paz de espírito, um companheirismo, o respeito e, sobretudo, a confiança?