Me adiciona ou eu me mato

Todo mundo e a mulher de seu Raimundo quer ser meu amigo.

Eu sou o cara mais popular do planeta! Tem um monte de gente querendo ser meu amigo. A fila é grande, esperando que eu aceite a amizade desse povo todo. É no tal de Facebook. Nessa lista, tem gente que eu pensava que já era meu amigo, mas não! Oficialmente, só serei amigo desse povo no Facebook. Meu compadre Ivo Severo, a amiguinha Das Dores Neta, doutor Jean Monteiro de Mari, Joanes Leonel de Pedras de Fogo, Hugo Tavares de Santa Cruz, Rio Grande do Norte, Antonio Costta, futuro prefeito de Pilar e Gilberto Bastos Júnior, de João Pessoa, pedem para que eu os aceite como amigos no Facebook. Esse povo já é meu amigo desde priscas eras!

Na lista de espera de gente do Facebook tem pessoas as quais jamais vi. Não conheço, por exemplo, Luiza Carolina, Tereza Cristina, Fátima Santos, Rosário Oliveira, Tyalla Melo, Edna e Valquiria e por aí vai o rol de moças querendo ser amiguinhas do Fabinho, um cara invocado com a expressão “priscas eras”.

Eu não mexo muito com esse negócio de rede social, mas tem gente que é viciada. Especialistas já publicam estudos sobre os riscos que isso pode causar aos internautas. Pessoas há que aceitam o convite de amizade de criaturas das quais elas não gostam! Prefiro ficar offline a ter que aceitar ser amigo de um elemento como esse tal de deputado Bolsonaro. Nem no Facebook!

No meu Facebook aparecem pessoas famosas se oferecendo para entrar no meu círculo de amizades. Nomes como o cantor Liz Albuquerque, o Grupo Raízes e o senador Cícero Lucena. Eu queria mesmo era ser amigo de Dilma Roussef. Quem sabe se ela, sendo minha amiguinha de Facebook, não mandaria pagar o dinheiro que o Ministério da Cultura deve ao Ponto de Cultura Cantiga de Ninar!

Para os amiguinhos do Facebook, o recado: cuidado que lá não se tem privacidade! Suas informações estão sendo compartilhadas com terceiros. Além disso, os anúncios podem conter malware e seus verdadeiros amigos, sem saber, podem torná-lo vulnerável. Criam até perfis falsos.

Se quer ser ou permanecer meu amigo, faça como o companheiro Carlão: visite-me, troquemos palavras pessoalmente, e se for um amigão de priscas eras, compartilhemos as recordações, que velho só conta o que já foi! O abraço ao vivo é a melhor configuração.

Inês quer me adicionar

Você tem razão Fábio. Acho que até já tentei encontrar seu facebook para adicioná-lo como amigo. E sequer o conheço de fato! É que você pensa...pensa e fala. Precisamos de gente que pense e fale para não morrermos de tédio... Parece que não temos mais tempo para cultivar amizades em carne e osso. Cidade 'grande', tudo tão longe, todos ocupados com suas vidinhas de merda. O telefone celular e as mídias fazem o papel de uma carta, de um encontro, um abraço, uma conversa, um ombro pra confessar e chorar... Hoje, os encontros dominicais com gente de verdade se dão nos Shoppings, quando os rebanhos bovinos desconhecidos e indiferentes se misturam. Ninguém conversa, todos falam em uníssono, mugidos indistintos e cada um come ruidosamente na sua baia. Os olhos estão todos cegos... Fazem fila pra chegar, para pagar, para sair. São todos bichos.

É triste ver amigo de verdade querendo ser amigo de mentira e pessoas isoladas mendigando um pouco de atenção virtual... Parece que estamos mesmo condenados a ser um bando de malditos solitários privados de amor e amizade, sem ninguém para confessar e compartilhar os nossos infernos diários.

Um abraço... virtual.

Inês Mota

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 05/09/2011
Código do texto: T3202438