A CRÔNICA DA OBSERVAÇÃO
A CRÔNICA DA OBSERVAÇÃO.
Radio Litoral AM
Imaruí, SC.
Senhor Milton,
Soube da repercussão das crônicas divulgadas e lidas por V.Sa. através da Radio Litoral AM.
Tal repercussão ou impacto causado, tem por origem dois motivos óbvios:
O primeiro motivo foi dado à ênfase com que foi lida a crônica, e sabiamente verbalizada por V. Sa., aliás, nessa arte o Senhor é imbatível.
O segundo motivo é a audiência que a Radio Litoral tem, principalmente, no seu programa “O panorama das cidades”.
Bom, muitas pessoas me cumprimentaram pela feitura ou composição das crônicas, outras nem me olharam.
As que me cumprimentaram, por certo, entenderam a mensagem pretendida.
As que nem me olharam, coitadas, não entenderam nada, talvez lhes falte à compreensão, em virtude dessa anomalia intelectual, no futuro redigirei uma crônica explicando àquelas crônicas.
Isto posto e explicando as crônicas anteriores para esses pobres coitados, quem sabe, eles entenderão as que virão a seguir.
Eu tenho aqui na minha base de construção mais alguns mísseis para serem disparados (crônicas), entretanto, eu necessito da base de lançamento da Radio Litoral AM para o disparo.
Não sei se posso contar sempre com essa base de lançamentos, pois o que eu confecciono (escrevo), na verdade, são verdadeiros mísseis da marca exocete.
Exocete é aquele míssil rasteiro (ar-mar) que foge do radar, voando a uma pequena altura do nível do mar e atinge o alvo atraído pelo calor emitido, geralmente os navios.
É só lembrar a guerra das Malvinas.
Só que os meus mísseis, eles não atingem o alvo pelo calor emitido por uma fonte de energia, aquela energia da Física.
Na verdade, eles atingem o alvo pelo calor emitido por uma fonte de energia imoral, aquela energia emitida por uma fonte de indecência ou da Ética invertida.
Fico sempre agradecido se puder contar com essa base de lançamento.
Senhor Milton: Se o Senhor tiver um pouco de paciência e olho clínico atinado, poderá observar que Imaruí é um palco ou um seleiro abundante em fenômenos sociais sui generis.
Aliás, eu tenho conhecimento que sociólogos estão debruçados sobre esses fenômenos e o “modus vivendi” dessa gente, porque eles, os sociólogos, consideram esses habitantes nativos de uma cultura sui generis e atípica.
Talvez, essa excentricidade de genótipo e fenótipo tenha por origem a miscigenação ocorrida sem uma preocupação genética, entre Açorianos (brancos), Africanos (negros) e Índios (nativos).
Açorianos cruzando com Índios originando o Mameluco ou Caboclo, este por sua vez cruzando com o Negro, originando o Mulato.
E o Índio por sua vez, cruzando com o Negro, gerando dessa mistura o Cafuzo.
Esse Mulato cruza novamente com o Cafuzo, e temos aí o resultado da mestiçagem que deu nisso que a gente conhece.
Como falei em habitantes nativos, eu quero ratificar o meu elogio e agradecimento às pessoas que migraram para Imaruí, eu acho que a Câmara de Vereadores está fazendo ou vai fazer uma homenagem muito merecida para essas pessoas que para cá migraram.
Pois, a essas pessoas, Imaruí deve muito e se não fossem elas, esta Pequena Jóia voltaria a ser apenas e nada mais do que a antiga Freguesia de São João Batista, com apenas alguns armazéns e muitas bodegas.
E acrescente-se a isso a mudança na mentalidade dessa gente nativa, pois, na verdade, aqui se manifestava apenas aquele espirituzinho de aldeia ou colônia de pescadores.
Estou fazendo esta alusão a esse pessoal que migrou para cá, porque ouvi de um nativo dizendo que: “aqui em Imaruí só vão para frente aquelas pessoas que vieram de fora”.
Grosseiro engano ou uma inveja disfarçada de admiração ou elogio, a verdade é que, essas pessoas que aqui se estabeleceram, além da riqueza própria, trouxeram também o seu espírito empreendedor e a sua obstinação pelo trabalho.
Os que migraram para cá, são os responsáveis pela mudança que se operou em Imaruí em todos os sentidos:
O comércio foi revigorado e modernizado, criaram-se muitos empregos e, sobretudo, a mentalidade que essas pessoas injetaram nos nativos mudou completamente o perfil do modo de pensar das pessoas do local - para melhor é claro.
E se estou falando dos nativos, eu quero me referir àqueles que estão profissionalmente ligados à atividade da pesca (pescadores); que por uma natureza da própria atividade são muito simpáticos à cultura e do exercício do ócio e verbalizadores de certos comentários totalmente impróprios.
É lógico que há exceções à regra, mas como se diz são exatamente exceções, poucas exceções.
Para quem conheceu Imaruí há cinqüenta anos, hoje constata que realmente esta cidade está no verdadeiro contexto de uma Urbe, pequena Urbe, mas poderia estar melhor se houvesse vontade e representatividade política.
Já tivemos representatividade em cargos elevados no Estado, mas vontade política demonstrada foi muito pouca.
É que Imaruí passou por um período muito grande de obscurantismo, quase meio século de feudalismo, e as conseqüências agora é que estamos sentindo na carne.
Não é fácil retomar o fluxo do progresso, quando se foi submetido a um atraso de mais de cinqüenta anos.
Ainda existe um grande ranço feudal e certa influência da família que até então dominava, mas dentro de pouco tempo nos livraremos dessa pecha que macula o município e os seus habitantes.
Para encerrar esta carta-aberta ou crônica explicativa, eu quero dizer o seguinte: Mesmo se vivendo numa democracia em que todas as instituições estão sólidas no Brasil e com toda a influência do progresso neste século XXI, ainda temos muita gente com idéia feudal, tribal, principalmente, àqueles que cuidam da coisa pública.
Os políticos gastam tanto tempo em fazer promessas, que lhes falta tempo para cumpri-las.
Tenho dito.