Superação

Infância. O que me lembro desse período são os jogos de futebol nos campinhos da Cohaduque. A paixão que eu tinha com um Chevette azul que não queria me separar de jeito algum mesmo depois do pai ter trocado de carro, as idas nos verões na casa do meu avô pra correr naqueles descampados e tentar andar a cavalo sem sucesso.

Mas não foi tão boa assim pra mim, pelo contrário, foi um tanto difícil e traumática devido a um incidente que ocorreu em Cruz Alta, no meu primeiro dia de aula.

Aprendi a ler desde os meus dois anos de idade e ensinado minha irmã mais velha na leitura.

Recordo como se fosse hoje. Era uma aula de português e a professora estava passando exercícios no quadro e eu já tinha terminado muito rapidamente.

Quando foi corrigir, descobri que havia um erro em um dos verbos que não sei qual era e ela me chamou de demônio. Foi aí que tudo começou.

O abalo foi tão forte que saí da escola chorando muito. Imagina um menino de sete anos que só queria estudar e acabou ridicularizado sem ter feito nada de bagunça em aula, chegando ao ponto de não conseguir nem mesmo continuar o ano letivo.

Então minha vida infantil se resumiu em tratamentos psicológicos, idas a psiquiatras e exames de elétroencefalograma na cabeça para saber se eu era louco o suficiente pra ir ao hospício.

Isto sem falar nas piadinhas e agressões que sofri só porque era diferente das outras crianças.

O que me ajudou a superar tudo foi não só o apoio incondicional da família como também os livros que me fizeram ver outras possibilidades. Graças a isso, consegui chegar até a faculdade e me formar com louvor.

E se não fosse por essa determinação, talvez nunca conseguisse chegar a fazer o que gosto que é escrever e produzir textos.

Esta é minha história de superação.