Reflexos...

Reflexos surgidos de um mente em desvairada criação. Ou solidão, não sei primar ao certo o que vejo ou opto por cegar em ver. Só sei dizer que aconteceu e nos trouxe um rumo diferente de tudo aquilo a que estávamos acostumados na nossa mísera vida cotidiana. Ainda tenho flashes daquele dia, não sei se serei fidedigno a ele, mas certamente tentarei recriá-lo.

Era uma cidade diferente com um grande atrativo de fundo: um festival de música. Como era de se esperar várias pessoas caminhavam ao redor da cidade. Por muitas razões diferentes, mas com o maior apelo ao conhecimento e encontro da cultura com apresentações teatrais, shows e aquele bom e velho clima frio e agradável de uma cidade nordestina no interior de PE...

Poderia perfazer vários detalhamentos antes de chegar a ponto, afinal o local assim me permite. Entretanto, partamos ao que nos interessa que fora o encontro entre velhos amigos.

A primeira vista, uma cena totalmente comum. Exceto para aqueles que a vivenciaram. Dado também o cenário em transformação: o clima frio que de um instante a outro passa de uma brisa para uma garoa levemente pesada, criando uma nova cena totalmente propicia ao encontro com a multidão que pula agitadamente ao som de "uma partida de futebol".

Neste momento, estamos longe do grupo a carregar garrafas de vinho para continuar neste momento. Temos que atravessar o "mar de pessoas" para continuar a festa. Entre pontapés e empurrões e copos de vinho vamos a caminhar com rumo. A expectativa de chegar não é maior do que o anseio em sair da inconstância dos imprensados. Tanto é que no momento em que nos juntamos aos demais, vivemos um misto de alívio com felicidade.

Nesse momento continuamos a beber. E quase sem perceber, estamos a pular abraçados em meio a chuva que tão deliciosamente cai sobre nossas cabeças. É um das intemperanças inigualáveis do vivido, do agora. Cantando e pulando e seguindo a canção. Partindo rumo a desconhecidos e fazendo cumprimentos de velhos amigos. Uma foto e um registro que tão pouco importa se nem lembramos quem era. A melhor lembrança reside na alegria em ter se atrevido a vivê-la. Afinal, se tudo na vida é finito nada mais justo.

Desde então um ano se passou e muito mudou. Pessoas foram e vieram. Alguns se compromissaram, tiveram filhos ou qualquer uma dessas fantasias da modernidade que nos dão a sensação de estarmos seguindo em direções diferentes da maioria. De qualquer modo, quando ainda nos encontramos as lembranças daquela noite perambulam nas nossas cabeças trazendo reflexões e desejos de novas "desventuras". Mesmo distantes, integramos a vida de cada um enquanto aventureiros de noites e noites a fio... Uma estória a ser contada nos muitos encontros que ainda teremos ou em diferentes rodas de conversa em que estivermos. Pelo menos, assim eu vejo. Assim, eu acredito ser enquanto um andarilho, um viajante, um ébrio e... um bardo.

Ass: Andarilho das sombras

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 01/09/2011
Código do texto: T3194027