APARÊNCIAS
Acho interessante o fato de algumas cenas praticamente sem nenhuma importância de vez em quando aparecerem na minha cabeça, assim do nada. Coisas que um dia por acaso vi na rua, quando criança ou já em idade adulta; na cidade onde morava ou em outra qualquer... Lembro, por exemplo, (eu tinha uns 40 anos e estava em S.Paulo) de uma moça que ia pela calçada, toda faceira, um pouco adiante de mim. Magrinha, vestida de calça justa e jaqueta jeans, lencinho indiano prendendo seus longos cabelos loiros, mesmo de salto alto ela andava ligeirinho. De repente diminuiu a marcha e ao ultrapassá-la, pude ver seu rosto. Fiquei pasma. Ela não era feia, horrorosa, nem propriamente bonita, estava com maquiagem até suave, mas... não era a mocinha que imaginei! Certamente já beirava os sessenta...
Minha memória deve ter registrado a cena em primeiro lugar por causa do choque que levei. Não esperava aquilo de jeito nenhum! Ainda mais na idade em que eu estava, se comparasse, a ‘mocinha’ era eu. Ela, uma velha caquética! Além disso, deve ter sido pelo inusitado da apresentação.
Honestamente, não acho que pessoas com mais idade devam andar feito ‘velhas’, é perfeitamente possível ver sessentões e sessentonas jovialmente trajados, mas sem exageros. Penso que para compor bem o figurino, o cabelo faz a diferença. A meu ver, cabeleira comprida não combina com idade avançada.
O oposto da ‘mocinha’ que eu vi na rua é uma foto que tenho aqui da minha avó: registrada aos cinqüenta, ela aparentava noventa...