VÉU DE NOIVA
Tem uma localidade próxima da cidade onde moro – Joinville - chamada Quiriri, que está fincada no pé da Serra D. Francisca. Uma serra absurdamente íngreme, que se eleva em torno de 400 metros, quase num repente. É um pedaço, um espigão, da Serra do Mar. A estradinha de chão batido, que dá acesso àquela localidade, vai entrando mata adentro, circundando o vale e penetrando na serra, cujo passeio permite panoramas absolutamente fantásticos.
Nessa serra, desce uma cachoeira, que quando é tempo de chuva, pode-se avistá-la da rodovia, a cerca de 10/15 km, já que ela despenca da serra caindo uma altura superior a 300 metros. Daí, vista de longe, bem parece às costas lindas de uma noiva divina, com seu véu escorrendo costas abaixo. Mas uma noiva angelical. E imagino que no meio da mata, onde caem às águas, ou as pontas do véu, têm um anjo gigante, forte, com os braços estendidos, aparando as águas, para que não se machuquem ao tombar sobre as pedras.
E quando se entra na estrada que vai se enveredando pela serra, vamo-nos lentamente aproximando da cachoeira. Ora fica escondida por detrás de um monte e outro. Ora a avistamos, cada vez mais nítida, mais linda, mais divina. E mais e mais queremos nos aproximar, num complexo de fascínio e curiosidade.
Tem-se a impressão que sua beleza nos atrai, nos imanta. Infelizmente a estrada não passa muito próxima da cachoeira. Dá até certa frustração quando a estrada passa defronte a cachoeira e se vê que sua queda está ainda distante e numa mata fechada, acidentada, impossível ser explorada. Mas a visão próxima é algo encantador. Vê-se um feche branco, absolutamente branco, despencando serra abaixo e sumindo na mata verde, de acesso impossível.
Cada vez que avisto aquela lindeza, ao longe, vejo-a como uma poesia lírica. Um poema vivo, natural, que não precisa de palavras, nem de versos, para se expressar. A imagem se expressa por si só, como uma poesia pura, divina, naturalmente casta e genuinamente bela. Quando o dia está límpido, o céu azul, aquele véu branco descendo em meio ao verde da mata, forma um quadro que somente Deus sabe pintar.
Assim, quando leio um poema suave, que contenha a cadência lírica do romantismo, do bem querer por querer, lembro àquela cachoeira, que chamam de “Véu de Noiva”. Também o contrário me surpreende, pois, quando avisto aquela maravilha, ao longe, versos perfumados de poemas adocicados me vêm à mente.
Quando vejo aquela queda mais de perto, no ponto mais próximo possível de acesso, meus olhos já a vê diferente. O coração do poeta sente diferente. As emoções que me induzem são distintas. Assim, perto, sinto algo forte, robusto, uma mistura de beleza, com força bruta, energia indecifrável, poder e uma sensação de medo até. Sinto-me pequeno e frágil diante daquele gigante, que de longe parece tão frágil e angelical.
A visão próxima (e nem tanto), daquela torrente de água despencando da serra e se lançando na mata, cá em baixo, dá uma dimensão da força da natureza e que se mistura a uma sensação de que a serra, tão íngreme, pode despencar com as águas sobre a minha cabeça e cobrir os vales pomposos que se avistam do outro lado. A grandeza da queda e a altura da serra donde a água despenca, dá uma fria sensação de que uma catástrofe desmedida pode ocorrer a qualquer instante.
Assim é a cachoeira “véu de noiva”, na serra do Quiriri, localidade rural do município de Joinville, extremo norte da bela e Santa Catarina. De longe, um anjo delicado e belo; de perto um deus que nos fascina, nos atrai e nos mostra sua força e nos faz temer eventual ira.
Vale a pena vê-la. Seja de longe. Seja de perto. Em ambos os casos é pura poesia, sem necessidade de verso ou prosa para aguçar nossos sentidos e sentimentos. Já pensei em escrever um poema dedicado a ela, mas meus verbos, meus versos, parece-me ficariam tão pequenos, tão insignificantes, tão pobres, diante daquela beleza tão forte e tão diversa.
Mas um dia desses, acabo me encorajando e compondo um poema que traduza em versos, toda a sua pujança, toda a mescla dos sentidos e das emoções que sua visão me provoca.
Tem uma localidade próxima da cidade onde moro – Joinville - chamada Quiriri, que está fincada no pé da Serra D. Francisca. Uma serra absurdamente íngreme, que se eleva em torno de 400 metros, quase num repente. É um pedaço, um espigão, da Serra do Mar. A estradinha de chão batido, que dá acesso àquela localidade, vai entrando mata adentro, circundando o vale e penetrando na serra, cujo passeio permite panoramas absolutamente fantásticos.
Nessa serra, desce uma cachoeira, que quando é tempo de chuva, pode-se avistá-la da rodovia, a cerca de 10/15 km, já que ela despenca da serra caindo uma altura superior a 300 metros. Daí, vista de longe, bem parece às costas lindas de uma noiva divina, com seu véu escorrendo costas abaixo. Mas uma noiva angelical. E imagino que no meio da mata, onde caem às águas, ou as pontas do véu, têm um anjo gigante, forte, com os braços estendidos, aparando as águas, para que não se machuquem ao tombar sobre as pedras.
E quando se entra na estrada que vai se enveredando pela serra, vamo-nos lentamente aproximando da cachoeira. Ora fica escondida por detrás de um monte e outro. Ora a avistamos, cada vez mais nítida, mais linda, mais divina. E mais e mais queremos nos aproximar, num complexo de fascínio e curiosidade.
Tem-se a impressão que sua beleza nos atrai, nos imanta. Infelizmente a estrada não passa muito próxima da cachoeira. Dá até certa frustração quando a estrada passa defronte a cachoeira e se vê que sua queda está ainda distante e numa mata fechada, acidentada, impossível ser explorada. Mas a visão próxima é algo encantador. Vê-se um feche branco, absolutamente branco, despencando serra abaixo e sumindo na mata verde, de acesso impossível.
Cada vez que avisto aquela lindeza, ao longe, vejo-a como uma poesia lírica. Um poema vivo, natural, que não precisa de palavras, nem de versos, para se expressar. A imagem se expressa por si só, como uma poesia pura, divina, naturalmente casta e genuinamente bela. Quando o dia está límpido, o céu azul, aquele véu branco descendo em meio ao verde da mata, forma um quadro que somente Deus sabe pintar.
Assim, quando leio um poema suave, que contenha a cadência lírica do romantismo, do bem querer por querer, lembro àquela cachoeira, que chamam de “Véu de Noiva”. Também o contrário me surpreende, pois, quando avisto aquela maravilha, ao longe, versos perfumados de poemas adocicados me vêm à mente.
Quando vejo aquela queda mais de perto, no ponto mais próximo possível de acesso, meus olhos já a vê diferente. O coração do poeta sente diferente. As emoções que me induzem são distintas. Assim, perto, sinto algo forte, robusto, uma mistura de beleza, com força bruta, energia indecifrável, poder e uma sensação de medo até. Sinto-me pequeno e frágil diante daquele gigante, que de longe parece tão frágil e angelical.
A visão próxima (e nem tanto), daquela torrente de água despencando da serra e se lançando na mata, cá em baixo, dá uma dimensão da força da natureza e que se mistura a uma sensação de que a serra, tão íngreme, pode despencar com as águas sobre a minha cabeça e cobrir os vales pomposos que se avistam do outro lado. A grandeza da queda e a altura da serra donde a água despenca, dá uma fria sensação de que uma catástrofe desmedida pode ocorrer a qualquer instante.
Assim é a cachoeira “véu de noiva”, na serra do Quiriri, localidade rural do município de Joinville, extremo norte da bela e Santa Catarina. De longe, um anjo delicado e belo; de perto um deus que nos fascina, nos atrai e nos mostra sua força e nos faz temer eventual ira.
Vale a pena vê-la. Seja de longe. Seja de perto. Em ambos os casos é pura poesia, sem necessidade de verso ou prosa para aguçar nossos sentidos e sentimentos. Já pensei em escrever um poema dedicado a ela, mas meus verbos, meus versos, parece-me ficariam tão pequenos, tão insignificantes, tão pobres, diante daquela beleza tão forte e tão diversa.
Mas um dia desses, acabo me encorajando e compondo um poema que traduza em versos, toda a sua pujança, toda a mescla dos sentidos e das emoções que sua visão me provoca.