ROSAS VERMELHAS, ROSAS BRANCAS
Segundo uma lenda antiga,
Maria com São José
Fugindo à gente inimiga,
Transpôs caminhos a pé.
E, à proporção que Maria
Deixava o rastro no chão,
Todo o caminho floria
De rosas em profusão.
Pelos trilhos e barrancas
Das estradas, viu-se em breve
O estendal de rosas brancas
Tudo enfeitando de neve.
De um branco suave e doce
As rosas, nenhuma havia
Pela terra, que não fosse
Da cor dos pés de Maria.
Depois de tempos volvidos,
Ao peso de imensa cruz,
Pelos caminhos floridos
Um homem passou – Jesus.
E sobre o estendal de flores,
De seu corpo o sangue vai
Caindo e Ele, entre mil dores,
Não geme, não solta um ai.
Passou, e pelas barrancas,
Sob as asas das abelhas,
Dos tufos das rosas brancas,
Brotaram rosas vermelhas.
Só duas cores havia
De rosas, que aqui registro:
A cor dos pés de Maria
E a cor das chagas de Cristo.
Belíssima poesia de autoria do grande poeta Belmiro Braga e que aprendi aos meus 07 anos de idade, ainda no primeiro ano numa classe de 40 alunos do Grupo Escolar Franco da Rocha, o primeiro daquela cidade, localizado onde hoje se encontra instalada a Biblioteca Pública Municipal. Minha primeira professora era Geralda Boliger, que morava em Campinas e que, diariamente, sem nunca faltar, ia ao trabalho de trem, bem cedinho. Abnegada professora que muita saudade deixou!
E me vejo de calças curtas azul-marinho, de suspensórios, camisa branca, sempre muito branca (graças a minha mãe), cadernos e livros numa bolsa de couro preta, um estojo, uma caixa pequena de lápis de cor e uma régua de madeira, onde se desenhava a tabuada do 1 ao 10.
Saudade... saudade... saudade...
Dia 22 de agosto é o Dia do Escritor Louveirense.