Celebrando
Bebo hoje em celebração, saudando a vida e todas suas mazelas.
Bebo ao amor, ah o amor, cria hedionda do medo da solidão, hipócrita aquele que diz amar o outro por amor, e não apenas para preencher um vazio que lhe assola. Se fosse o amor, algo verdadeiro e único como clamam tantos por aí, como poderia ele simplesmente deixar de existir, para então ser prontamente substituído por outro? E para os que lêem e torcem o nariz, busquem na memória quantas vezes disseram “para sempre” ou “nunca deixarei”, e guardem a resposta com vocês, pois a conheço de antemão. Não digo que nunca tenha amado, mas sei os motivos e conheço a perenidade e falsidade que constituem este amor, especialmente o eterno; e não vexo em dizê-lo.
Celebro também a confiança, algo tão volátil quanto o clima em Curitiba, algo que todos buscam no outro sem retribuir-lhe em igual medida. Como exigem tal atributo, como resmungam e reclamam alegando que ele não mais existe, quando estes que assim o fazem mal valem uma pilha de merda. Do mesmo modo que muitos dizem confiar, mas duvidam de cada palavra sua, de cada ato, cada gesto. Para estes muitos, recomendo que busquem no dicionário o verbete relacionado ao verbo confiar, e espero que percebam o quanto é contraditório afirmar ter confiança numa pessoa pondo-se a duvidar de tudo que ela faz.
Com estes goles comemoro também o belo altruísmo do ser humano; chega até ser desperdício gastar palavras com o que é conhecimento de todos, então usarei apenas as necessárias. Não há altruísmo.
Poderia ficar tempo sem medida escrevendo sobre tudo que merece ser celebrado, sarcasticamente caso tenha-lhe escapado, mas seria um tempo mal aproveitado. Afinal, quem mudaria o modo de pensar, de ver, agira, lendo qualquer coisa que eu escrevesse? Tantas quantas são as pessoas altruístas deste mundo. No máximo, caso dessem-se o trabalho de ler tal escrito, chamar-me-iam de depressivo, mal amado, carrasco, imbecil, escroto, que da vida não sei gozar, que das pessoas conheço pouco. Então cortarei o texto por aqui, resumindo-o no próximo parágrafo.
Celebro então, a vida, que seja breve, pois este mundo não mais suporto.