Suserania e Vassalagem na Política Brasileira
Muito embora o mundo medievo, como denomina Jacques Le Goff, tenha ruído em 1453 com a queda do Império Romano do Ocidente, parece que seus conceitos políticos foram adotados e criados como filhos legítimos da política nacional brasileira. Isso merece uma explicação mais aprofundada.
Para relembrar, vamos nos reportar à República Velha (1889 - 1930), ao coronelismo. Nesse sistema a política do nordeste brasileiro estava vinculada a uma figura central, o grande fazendeiro, o qual havia ganhado o título de “Coronel”. Isso se deu devido à ausência de um exército confiável por parte dos governadores, desta forma, formou-se em algumas regiões, uma milícia de fazendeiros, sob as ordens dos pretensos militares. Coronéis, estes, cujas estrelas do uniforme caíram do céu.
A política dos coronéis, baseadas no Voto de Cabresto, nada mais era do que um sistema análogo à relação entre servos e senhores no Ocidente Medieval.
Pulando intencionalmente algumas décadas, vamos tecer alguns comentários sobre a “política moderna”. No Brasil atual, existe uma relação de suserania e vassalagem tanto nos altos, quanto nos baixos escalões administrativos.
Isso se dá quando temos a tomada de posse de novos políticos. Quando algum político se elege, seja para governador ou presidência, entra então em cena o ranço da política medieval baseada nos laços de dependência. Explico.
Do ponto de vista administrativo, sabe-se que rende bem aquele que está capacitado para ocupar o cargo X ou Y. Ocorre que se algum governador fizer suas escolhas de acordo com critérios técnicos, terá que enfrentar resistência dentro de seu partido ou de sua “base aliada”. Isso se dá porque o cargo X ou Y deverá ser ocupado por um pux... , digo, por alguém que em uma relação quase que... carnal com o partido.
Mas, pergunto: Onde fica o bom senso? Onde fica o governar para a coletividade? Ora... para os políticos de “carteirinha” , o coletivo que se f... ferre! O que importa é o seu grupinho... Igual a patota de moleques buchudos. Para ele o que importa são os seus interesses! O interesse do coletivo que se exploda. Desta forma, tem-se um grupo de “nomeados” que vivem como numa pocilga se abastecendo no cocho de seus superiores, fazendo uma lambança atrás da outra, disputando poder de salinha em salinha, tornando cada vez mais prepotentes e presunçosos. Puxar o saco de políticos é a essência de suas vidas, isso porque fora desse ninho de ratos, são simplesmente uma infinidade de zeros à esquerda.
Bem vindo ao Brasil, país de Terceiro Mundo.