Luta Santa

Luta Santa

Para quem está conhecendo o mundo agora, o nome de Irmã Dulce talvez não signifique nada. Mas para as pessoas da minha época, as lembranças ainda são nítidas daquela mulher franzina e marcada pelo tempo. Lembro-me de como ela entrava na briga para conseguir verbas e apoio para as causas humanitárias que ela abraçava. Sua vida foi toda dedicada a cuidar dos pobres e oprimidos, daqueles que tinham fome e padeciam das mazelas sociais, na maioria das vezes, enfermos. Lutou e conseguiu criar um centro de apoio, que hoje cuida de milhares de pessoas humildes. Agora deu-se início ao seu processo de canonização, e em breve o Brasil vai ter a sua Santa Irmã Dulce, se Deus quiser. A sua luta foi um exemplo que poucos seguem hoje em dia. Lutar pelo próximo, dar a vida para minimizar a dor dos outros deve ser a mais santa das lutas aos olhos de Deus. Fico pensando na diferença dessa luta, com as guerras que chamam de santas nesse mundo. São muitos que usam o nome de Deus para dominar um povo e colocá-lo à frente de batalhas loucas, que às vezes, muitos não sabem nem mesmo a razão. Usar a fé dos humildes para se manter no poder ou para derrubar outros é o combustível do fanatismo. Assistimos todos os dias notícias de homens e mulheres bomba, que se sacrificam em nome de sonhos alheios, que se explodem acreditando numa promessa de redenção na vida depois da morte, cheia de recompensas e maravilhas. Foi assim que Osama Bin Laden espalhou o terror pelo mundo, sacrificando a vida de milhares de pessoas inocentes, em nome de uma guerra que chamava de santa, mas que no final sempre tem a ver com divisas de território e de riquezas, além do poder. Espalhou o ódio e se transformou no alvo mais cobiçado de vingança americana. E que me perdoem os noticiários, eu não acredito na metade dessa história mal contada da morte desse terrorista. Se eu estivesse no poder e tivesse dado a ordem de execução, gostaria de ver de perto a cara do bandido, não me conformaria com a notícia estapafúrdia de que o corpo fora atirado ao mar. É bem verdade, que respeitando a religiosidade do dito cujo, o mesmo foi enrolado num lençol branco, para não ferir os ritos locais. Já pensaram que equipe cuidadosa, tiveram o cuidado de levar até o lençol branco na viagem, para não haver constrangimento na hora da morte. Aliás, o nosso fanático do Realengo também fez alusão ao lençol branco para cobrir seu corpo, na sua cartinha de despedida. O coitado deve estar coberto com plástico preto até hoje no IML, pois nunca mais se ouviu falar de que fim deram ao seu corpo, já que nem a família foi lá reclamá-lo para o sepultamento. Enfim, americanos que se prezam tem lá a sua ética e se preocupam com a opinião pública, que lá realmente existe e se faz valer. Ao contrário de nós, que deixamos que as coisas aconteçam, permanecemos passivos diante dos absurdos que a gente vê. Mas no final, o que eu queria mesmo é confrontar como no mundo brotam sonhos tão desiguais: uma mulher que abraça uma luta santa para amenizar o sofrimento do seu povo e um homem que chama de santa uma gerra feita para semear sangue, sofrimento e ódio pelo mundo afora. Deus saberá com certeza avaliar o sonho e a causa de cada um, porque só os seus olhos alcançam o que os nossos olhos não vêem.

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 29/08/2011
Código do texto: T3189663