OS ESGOTOS E OS ESCÂNDALOS DE BRASÍLIA.

Às vezes perco meu tempo pensando se Brasília merece ser a Capital do País. Para que serve, de fato, Brasília? Talvez, somente para se trabalhar e estudar, pois não me lembro de mais nada legal para se fazer na cidade.

Tudo bem, vamos fazer um esforço coletivo, pense comigo, desconsidere os céus, a existência do Lago e do Parque da Cidade, isso, sobra o quê para o brasiliense? Bares, por toda a parte, porque ninguém vive só de brisas, sombra e água fresca. Diversão sim, diversão. Do botequim ao pub mais chique, com música ao vivo e tudo o mais, mesmo assim são apenas os bares, do setor de clubes não vale à pena nem mencionar, mesmo que de passagem.

E estes questionamentos persistem martelando em minha cabeça: “Brasília merece ser a capital do País?” e “Para que serve de fato Brasília?”. Sendo bem sarcástico, lembrei dos esgotos, pronto, para produzir esgotos! Os esgotos são o genuíno produto da civilização, em toda cidade tem. Às vezes, somente os esgotos nos unem – cada um contribui com a sua parte, e solidariza com o que possui de mais íntimo e original. Fora isso, tudo é ambição e desunião em Brasília. Inclusive, é oportuno parafrasear o filme Tropa de Elite 2, e dizer que “ em Brasília, cada cachorro que lamba o seu próprio!”.

E como falar, bem ou mal, de Brasília e não falar de política, de políticos e, principalmente de escândalos. Isto mesmo, escândalo é o que Brasília faz de melhor, e não me venha com este papo de que o fazer político é a principal atividade, que daqui se administrativa os destinos do país. Escândalos são o top de linha da produção local. Exemplos não faltam, não é mesmo? Tem sempre a bola da vez, os bombásticos vídeos se sucedem, as corrupções e os esquemas fraudulentos estão sempre na moda. Abra o jornal de hoje, um escândalo!

A tão prometida e complicada Reforma Política estampa todos os jornais, está em todas as manchetes, sabe por quê? O projeto Lei que pretende regulamentá-la é um absurdo, e como não poderia deixar de dizer, é escandaloso. Mas, como poderia ser de outra forma, sem tamanho estardalhaço, já que o pretenso projeto institui a criação do Seguro Desemprego Parlamentar, entre outras aberrações!

Pelo que eu entendi, está previsto entre as emendas, um Seguro Desemprego para os parlamentares, ou melhor, para os políticos que não forem eleitos, nem nomeados nos diversos cargos de confiança, nem tampouco nos ministérios ou nas secretarias, etc. Trata-se, pasmem, de um benefício por um período de 04 anos, ou seja, entre uma eleição e outra no DF e por 02 anos nos municípios!

E o que isto tudo significa? Significa a regulamentação da profissão de político! O maior entrave, porém, para a aprovação desta lei deve-se ao fato da necessidade de determinação de um código de ética profissional. Puts - ética - palavra complicada em Brasília. Não consigo, de fato, imaginar como seria a tal “nova ética parlamentar”.

Lembram das astronômicas verbas de gabinete, estão mantidas! E do Auxílio Paletó? Tem até uma música a respeito, da banda Mukeka di Rato, o nome é asqueroso, mas é muito boa a banda e a música é hilária. Sim, o Auxílio Paletó está garantido, tendo os seus valores corrigidos e ampliados, inclusive estendido para todos os assessores e funcionários.

Onde foram parar o altruísmo, a nobreza de princípios e toda a filantropia dos discursos políticos, agora mais do que nunca, quando estão em jogo os interesses deles? Os ânimos estão acirrados, as discussões estão acaloradas e ninguém parece se entender. Os deputados estão se digladiando e o senado vive uma crise.

O país, agora, parece existir em função desta Reforma Política, como se fosse a coisa mais importante do mundo. E o que mais se discute é o fato de que ser político se tornará na realidade uma profissão. E como em toda boa profissão, o objetivo será a mais valia, o capital, o dinheiro em primeiro lugar. Como se já não fosse assim!

Porém, segundo as novas regras, os parlamentares deverão produzir “algo”, obrigatoriamente, para o país, dentro da sua esfera de ação, ou seja, deputados, senadores, prefeitos, entre outros, deverão cumprir à risca o seu plano de governo, apresentado previamente durante a campanha eleitoral!

Há também um artigo da nova lei que os obriga manter a transparência de suas atividades, prestando contas ao povo quando solicitados, tudo isso sob a pena de perderem os seus mandatos e ficarem inelegíveis, caso não cumpram o seu projeto de governo. Para eles, tão somente, isto é um absurdo, um escândalo!

Segundo consta, os políticos deverão ter responsabilidade e a obrigação de serem atuantes. Nunca mais poderão legislar em causa própria, terão data base de reajuste salarial, com direito a greve – essa foi boa.

Contudo, ficam eles proibidos de criarem leis para aumentar suas vantagens, sendo também indevidos os salários pagos por horas extras trabalhadas durante o recesso parlamentar, já que o que não for concluído, por absoluta incompetência, deveria ter sido feito durante o período de trabalho normal. Eis, a razão do sarcasmo mal dissimulado de um ex-governador que foi cassado, durante uma entrevista no sórdido canal de maior audiência na capital.

Pra mim, já chega. Estou meio zonzo. Tudo isso é utópico demais para mim. Não há, sequer, a previsão de uma data para a promulgação da nova lei. Entre emendas e polêmicas, fala-se agora em promover um Plebiscito para colher a opinião popular, com possibilidade de uma ampla campanha junto aos meios de comunicação, para tornar público e notório as reivindicações dos parlamentares, bem como, os prós e os contras da Reforma Política do País.

Basta, eu ainda não me recuperei da ressaca da 2ª Copa do Mundo aqui no Brasil, nem das náuseas causadas pelas promessas de campanha de certo ex-presidente, infelizmente, reeleito. E agora, mais essa! Pra mim é esgoto demais, escândalos e mais escândalos. É o fim do bom senso e um descaso tremendo com a nação, um verdadeiro “bobeachorar” ao povo brasileiro.

G Matos
Enviado por G Matos em 29/08/2011
Reeditado em 25/07/2012
Código do texto: T3188724
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