MISSÕES CARTOGRÁFICAS NA AMAZÔNIA
MISSÕES CARTOGRÁFICAS NA AMAZÔNIA
Hoje com muita alegria eu quero me reportar e reviver as missões de cartografia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Amazônia, apoiadas pelo antigo Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (EMRA) sediado em Belém do Pará com seus helicópteros conhecidos como sapãos.
Voar na Amazônia de helicóptero constitui um desafio e mais ainda principalmente naquela época, décadas de 70 e 80, mas também sem sombras de dúvidas um privilégio de desfrutar a exuberância daquela paisagem virgem de um colorido maravilhoso.
Deus concedeu-me a honra, o orgulho e o privilégio de pertencer à equipe da Unidade Celular de Intendência (UCI) da Base Aérea de Belém que prestava apoio logístico ao EMRA nas missões de cartografia do IBGE na colocação de marcos nos diversos pontos mais longínquos da floresta Amazônica.
Declaro que ninguém pode avaliar e imaginar o prazer, a satisfação, a alegria, a sensação de liberdade e a emoção que tive em voar de helicóptero horas e horas por sobre a copa das árvores gigantescas daquele paraíso imenso e desconhecido, mas de uma beleza sem igual, que somente a Força Aérea Brasileira poderia me proporcionar tamanho espairecimento e lazer.
Confesso que o trabalho era duro principalmente nos dias de montagens e desmontagens dos acampamentos, algumas regiões eram inóspitas e perigosas no que diz respeito à malária e ao ataque de animais ferozes e peçonhentos tais como: onças, cobras, aranhas e outros, existiam também regiões que jamais um ser humano havia colocado seus pés.
Dentro da selva nos horários de folga o nosso passatempo se constituía de: jogos de baralho e dominó, de pesca e caça. Tive o privilégio de pescar em igarapés que nunca tinha sido colocado um anzol.
Naquela época as facilidades para si comprar armas e munições pela Aeronáutica eram muitas, eu cheguei a possuir até oito armas dentre elas as de caça, tiro ao alvo e de porte.
Nas missões na floresta Amazônica eu chegava a levar até doze caixas de munição de cinqüenta cartuchos cada para as minhas caçadas, atirava em tudo que se possa imaginar muitas vezes pelo simples prazer de ajustar a pontaria, até em traíras nos anzóis para matá-las antes de serem retiradas dos anzóis para evitar uma mordida.
Certa feita eu estava numa espera, quando de repente surge bem próximo a mim um casal de macacos pulando de galho em galho sobre a copa da árvore que eu estava abrigado, sem pestanejar fui logo fazendo mira em um dos inocentes que inexplicavelmente cruzou as duas mãozinhas e me encarou como se quisesse dizer alguma coisa, num ato instintivo eu abaixei a arma e por alguns minutos fiquei totalmente paralisado, imaginando e analisando o porquê daquela atitude de um animal selvagem que parecia saber que se aproximava seu fim. Tomei aquilo como uma lição educativa e desta data até hoje nunca mais atirei em nenhum animal sequer, vendi minhas armas e até hoje ainda persiste em minha memória aquela imagem inesquecível do macaco de mãos postas como se fosse um ser racional.
Quero também aproveitar a oportunidade e não poderia deixar de fazer antes de encerrar este relato de eternizar o registro da união, da integração e da amizade existente entre os componentes das equipes do IBGE, EMRA e UCI, que eram da maior importância para o sucesso das missões.