Retrato
Um dia desses vi um garoto que me lembrava alguém do meu passado.
Era a cara de um menino de minha infância, mas há tempos não sou mais criança.
Pelo menos penso que não. O fato é que jamais poderia ser ele, pois o tempo passa
Feliz ou infelizmente, mas passa e as formas também. Quem então era o garoto atual?
Há finitas possibilidades de respostas pra essa pergunta, mas não importa! Isso não muda nada nem pra mim, nem pro garoto. O que ainda me lembro e ainda é latente em mim é que quando criança eu via as formas, principalmente das coisas que se deformariam mais rápido que todas as restantes – neste caso o rosto do coleguinha – e pensava que aquele retrato era eterno, talvez estivesse certo, se eterno é o que fica guardado na mente, talvez estivesse errado, mas, enfim, por que querer saber quem é o garoto se mesmo depois de algumas décadas ainda nem sei quem sou.