A HISTÓRIA DE "In My Life"
Capa do álbum Rubber Soul - The Beatles - 1965
Considero In My Life uma das canções mais apaixonantes dos Beatles. Composta por John Lennon & Paul McCartney, faz parte do disco “Rubber Soul”, lançado em dezembro de 1965. Com letra e arranjo simples tornou-se um marco dos Beatles.
Assim como eu, há bastante gente apaixonada por esta canção, onde muitos enfatizam a suavidade da introdução (na guitarra de George), o delicioso solo de piano que faz parte de seu arranjo e também, claro, a bela voz de Lennon, que a interpreta. Tudo isso tem uma história e é essa história que vou citar aqui. A história de In My Life.
A ideia era uma música em ritmo de blues, influenciada por Smokey Robinson & The Miracles. John começou a escrever a primeira versão da letra quase um ano antes da gravação. A original fazia referências a cenários de Liverpool, era um poema descrevendo o caminho do ônibus da Avenida Menlove, onde John morou, até o centro da cidade. Citava lugares como Penny Lane e Strawberry Fields. Quando fala dos vivos e dos mortos, John se referia a Stuart Sutcliffe e Pete Shotton. Stuart era um grande amigo de John, colega da Faculdade de Belas Artes, em Liverpool. Foi um dos fundadores dos Beatles: John e Paul convenceram-no a comprar um baixo e tocar com eles, quando ainda formavam um grupo chamado Quarry Men. O nome era uma referência ao colégio onde tinham estudado, o Quarry Bank. Ensaiavam no apartamento de Stuart. Ele não morava com a família e foi uma das primeiras moradias “beat”, para escândalo das famílias locais. Stuart viajou com os Beatles para os shows em Hamburgo, apaixonou-se pela fotógrafa existencialista Astrid Kirchherr e resolveu mudar para a Alemanha. Era um pintor e abandonou definitivamente a música deixando o baixo dos Beatles a cargo de Paul, que antes tocava guitarra. Os rapazes da época não queriam tocar o baixo, para não ficar no fundo de cena. Stuart morreu em 1962, em Hamburgo, de hemorragia cerebral. Pete também era amigo de John em Liverpool e também tocou com os Quarry Men. Anos mais tarde, quando foi criada a Apple, Pete foi chamado para administrar a butique da empresa. Na época, tinha um supermercado, que ganhara de John. Nesta gravação, o trecho para o solo foi deixado vazio e George Martin gravou o piano, que depois foi reproduzido em velocidade dobrada. Na contracapa do LP há a informação de que o piano é tocado por Martin, mas omite a gravação em velocidade dobrada. Nas palavras de John, a composição é sua primeira obra-prima. Fala que há lugares de que ele sempre vai lembrar (there are places I’ll remember), a vida toda, apesar de alguns terem mudado – alguns para sempre, não para melhor, alguns se foram e alguns ficam. Todos esses lugares tiveram seus momentos, com amores e amigos que ele ainda pode recordar. Alguns estão mortos e alguns vivem (some are dead and some are living). Na vida ele amou todos eles. Mas de todos esses amigos e amores, não há nenhum que se compare a ela (there is no one compared with you). E estas memórias perdem o sentido quando ele pensa no amor como uma coisa nova. Embora ele saiba que nunca vai perder o afeto pelas pessoas e coisas que já passaram, e sabe que muitas vezes vai parar e pensar nelas, ele a ama mais. (in my life I love you more).
In my life foi gravada por muitos artistas, inclusive pelo ator Sean Connery, cuja versão consta do álbum “George Martin In My Life”, produzido por Giles & George Martin. Sean apenas declama a letra de uma forma magistral, acompanhado por piano e cordas. Imperdível.
Assim como eu, há bastante gente apaixonada por esta canção, onde muitos enfatizam a suavidade da introdução (na guitarra de George), o delicioso solo de piano que faz parte de seu arranjo e também, claro, a bela voz de Lennon, que a interpreta. Tudo isso tem uma história e é essa história que vou citar aqui. A história de In My Life.
A ideia era uma música em ritmo de blues, influenciada por Smokey Robinson & The Miracles. John começou a escrever a primeira versão da letra quase um ano antes da gravação. A original fazia referências a cenários de Liverpool, era um poema descrevendo o caminho do ônibus da Avenida Menlove, onde John morou, até o centro da cidade. Citava lugares como Penny Lane e Strawberry Fields. Quando fala dos vivos e dos mortos, John se referia a Stuart Sutcliffe e Pete Shotton. Stuart era um grande amigo de John, colega da Faculdade de Belas Artes, em Liverpool. Foi um dos fundadores dos Beatles: John e Paul convenceram-no a comprar um baixo e tocar com eles, quando ainda formavam um grupo chamado Quarry Men. O nome era uma referência ao colégio onde tinham estudado, o Quarry Bank. Ensaiavam no apartamento de Stuart. Ele não morava com a família e foi uma das primeiras moradias “beat”, para escândalo das famílias locais. Stuart viajou com os Beatles para os shows em Hamburgo, apaixonou-se pela fotógrafa existencialista Astrid Kirchherr e resolveu mudar para a Alemanha. Era um pintor e abandonou definitivamente a música deixando o baixo dos Beatles a cargo de Paul, que antes tocava guitarra. Os rapazes da época não queriam tocar o baixo, para não ficar no fundo de cena. Stuart morreu em 1962, em Hamburgo, de hemorragia cerebral. Pete também era amigo de John em Liverpool e também tocou com os Quarry Men. Anos mais tarde, quando foi criada a Apple, Pete foi chamado para administrar a butique da empresa. Na época, tinha um supermercado, que ganhara de John. Nesta gravação, o trecho para o solo foi deixado vazio e George Martin gravou o piano, que depois foi reproduzido em velocidade dobrada. Na contracapa do LP há a informação de que o piano é tocado por Martin, mas omite a gravação em velocidade dobrada. Nas palavras de John, a composição é sua primeira obra-prima. Fala que há lugares de que ele sempre vai lembrar (there are places I’ll remember), a vida toda, apesar de alguns terem mudado – alguns para sempre, não para melhor, alguns se foram e alguns ficam. Todos esses lugares tiveram seus momentos, com amores e amigos que ele ainda pode recordar. Alguns estão mortos e alguns vivem (some are dead and some are living). Na vida ele amou todos eles. Mas de todos esses amigos e amores, não há nenhum que se compare a ela (there is no one compared with you). E estas memórias perdem o sentido quando ele pensa no amor como uma coisa nova. Embora ele saiba que nunca vai perder o afeto pelas pessoas e coisas que já passaram, e sabe que muitas vezes vai parar e pensar nelas, ele a ama mais. (in my life I love you more).
In my life foi gravada por muitos artistas, inclusive pelo ator Sean Connery, cuja versão consta do álbum “George Martin In My Life”, produzido por Giles & George Martin. Sean apenas declama a letra de uma forma magistral, acompanhado por piano e cordas. Imperdível.
Capa e contracapa do álbum "George Martin In My Life"
A letra:
There are places I’ll remember / all my life, though some have changed, / some forever, not for better, / some have gone and some remain. / All these places had their moments, / with lovers and friends I still can recall, / some are dead and some are living, / in my life I’ve loved them all. / But of all these friends and lovers, there is no one compared with you, /and these memories lose their meaning when I think of love as something new. / Though I know I’ll never lose affection for people and things that went before, / I know I’ll often stop and think about them in my life I love you more. / Though I know I’ll never lose affection for and things that went before, / I know I’ll often stop and think about them / in my life I love you more. / In my life I love you more.
Documentos consultados:
1. The Beatles – Letras e Canções – Elaine de Almeida Gomes & Leda Pasta – Lira Editora
2. Arquivo pessoal do autor do texto
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