Recomeço

Há algo inquieto dentro de mim. Sempre houve e até agora não sei o que é, o que quer e o por que quer. Talvez eu seja isso mesmo, uma mistura de tudo que eu vejo, sinto e ouço e no meio dessa bagunça existe algo que não se encaixa.

Meu quebra-cabeças veio com peças erradas ou simplesmente não faço ideia de como montar isso, se eu começo pelos cantos quando chego no meio do quadro faltam peças e tenho conflitos profundos da existência ou não de uma solução para o problema. Se eu começo pelo meio então chego em um problema ainda maior, as peças parecem se encaixar perfeitamente, mas a imagem que vai se formando é tortuosa e não me diz nada. Nenhuma imagem reconhecível, nada.

É hora de recomeçar.

Recentemente as coisas pioraram muito, pensei estar chegando próximo de um momento tranquilo nos meus conflitos da alma. Pensei bastante, repensei e o que chegou até mim foi tão forte e irracional que parecia natural. Tenho que admitir, eu não estava preparado para isso, mas eu gostei.

Meu monstro interno tentou me alertar de que isso era um perigo, mas eu já aprendi a conversar com esse ser tão amaldiçoado; quando ele diz que sim eu falo que não. E dessa forma convivemos em paz.

Aquele olhar simplesmente me encantou, não sei o que eu poderia ter feito. Não se enganem, pois nem tudo ocorreu como em um filme hollywoodiano, muito pelo contrário, eu ainda não tive a coragem de encará-lo de frente.

Dizem que os olhos são as janelas da alma, talvez até sejam, mas com apenas 2 janelas você não conseguiria ver tudo o que eu observei através daqueles olhos encantados. A minha cabeça estava confusa naquele momento, resolvi utilizar meu meio de fuga infalível: o humor.

Era hora de recomeçar. Recomeçar a pensar.

Eu tenho uma imaginação incrível e nunca consegui distinguir entre um olhar amante e um amigo, sempre me pego imaginando coisas. Contudo eu queria acreditar, a gente sempre acredita, que eu estava diante de um tesouro perdido e soterrado pelo tempo.

Acabei me envolvendo demais com aquele par de olhos, mas o que eu penso em fazer agora é me vestir com a capa da coragem, os óculos da inocência, minha cueca da sorte, claro, e pular. Pular de cabeça naquele par de olhos.

Não sei nadar, mas sinto que eu não precisaria saber de nada, está tudo lá, pronto para ser tocado, admirado, ouvido e sentido. Sempre que eu os admiro eu percebo que muitas respostas estão contidas neles, como poderia ser possível alguém caminhar daquela forma sem saber de algo importante. Algo puro.

A vida deveria ser muito mais fácil, ganhei novas peças para montar meus quebra-cabeças, mas vejo que é hora de recomeçar novamente.

Tenho que encontrar algum padrão para esse jogo, será que existe?.

Talvez seja a falta de padrão que o faça tão divertido, mas bem que eu poderia acertar de vez em quando.

Bartuka
Enviado por Bartuka em 28/08/2011
Reeditado em 17/11/2012
Código do texto: T3187269
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