Meu bau de poesia
Quando eu comecei a trabalhar como redator de publicidade tive que abandonar a poesia.
Naquele tempo ninguem dava emprego pra poeta.
Porque achavam que o poeta ou era vagabundo ou viado.
Então virei só redator.
E fui caminhando nessa profissão, como eu era um bom redator, me pagavam muito bem
Depois virei diretor de criação e ganhava em dolares,
Mas o poeta foi traido, mas não esquecido.
No silencio do meu quarto escrevia poemas de amor.
Um dia olhei no espelho e vi um poeta envelhecido
E ele me disse, seu covarde, vendido.
Eu pedi perdão a ele e passei a poetar.
Ninguem me paga por isso. Mas tenho o bau repleto de riquesa.
Não são dolares, nem reais, nem euros, são papeis, simples papeis.