Ninguém vive sem um buraco

Temos que admitir, somos cheios de buracos. E tudo na vida tem buracos, lacunas, espaços, falhas, incompletudes.

Tem buraco de todo tipo e pra todo gosto: fundo, raso, apertado, limpo, sujo, perfumado, fedido, muito usado, pouco frequentado, comunitário, particular, mal tratado, bem cuidado, desejado, renegado, disputado, aquele que nunca foi tapado, o que não suporta ficar vazio, diversos formatos, estilos e finalidades. E nem todos satisfazem a quem os tapam. Buracos podem iludir!

Mas eles são imprescindíveis. Tem gente que não vive mesmo sem um buraquinho...

Alguns devem ser tapados definitivamente. Outros não. Devem ser preenchidos só por alguns instantes, num movimento rítmico de abre-e-fecha.

Buraco só é buraco se continuar aberto. Se tapar, não é mais buraco. Ninguém nem vai saber que lá havia antes um buraco. Para continuarmos fazendo bom uso dos buracos, podemos até introduzir neles alguma coisa, mas ao final, é preciso deixá-los livres e desimpedidos.

Como vemos, os buracos são muito importantes. Já os ex-buracos não têm muita serventia. Por isso, é preciso reabrir o buraco para lembrar que lá algo deve continuar sendo depositado.

Não adianta querer ser maciço, completo ou fugir dos buracos. Eles estão em toda parte. E continuarão a existir sempre. Têm a sua utilidade, sua função, proporcionam impressões e sensações, deixam lições e experiências. Ou seja, não precisamos tapar todos os buracos. A menos que tapemos uns e abramos outros.

Então é melhor cuidar bem dos nossos buracos e ao mesmo tempo respeitar os dos outros.

(Catalão, 23/08/2011)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 28/08/2011
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