Cerveja e Masturbação

Sexta-feira, de volta do trabalho para casa tive a idéia de parar num bar e tomar uma cerveja. Sempre me desperta o interesse e a curiosidade ver alguém numa mesa de bar tomando cerveja sozinho. Acho que há algo de reflexivo, de auto- afirmação, de personalidade bem definida nessa ação aparentemente simples e condenável para os não-alcoolatras.

Às vezes, quando leio alguma crônica num jornal qualquer, o autor conta que a idéia para o texto surgiu quando ele estava num bar tomando uma cervejinha. Como sou pretensioso - pelo menos em relação à literatura - e estava meio que sem inspiração, criei coragem e rumei para um bar. Parei no primeiro que surgiu em meu caminho, na esperança de que acontecesse algo de extraordinário e daí a grande inspiração para um bom texto.

Pois bem, pus a minha melhor pose de bebedor inveterado e estou lá sentado, sozinho, esperando o inesperado. Chegaram outros bebedores no bar, passou muita gente pela rua, gente comum, nada que rendesse assunto para um texto. Passou também um travesti - Tiquete o nome dele ou dela?! - que talvez pudesse dar o que escrever, mas tive receio de cair na armadilha do preconceito. Assunto polêmico né? Não, pensei, melhor esperar outro fato inspirador! Fui tomando a cerveja, sempre na já citada pose, e nada que merecesse a glória de me inspirar a escrever. Percebi que já estava um pouco zonzo e a cerveja parecia que era de litro e não de garrafa, como as convencionais, porque não queria acabar, por mais que eu me esforçasse dando grandes goles no copo. Pensei em ligar para um amigo, mas não quis levantar e ir até o "orelhão". Além do mais o meu principal compa de copo estava em outra atividade e não iria poder vir me acompanhar. Então fui ficando cansado daquele marasmo, daquela chatice. Aproveitei a passagem do garçom perto da minha mesa e paguei-lhe a cerveja. Peguei minha velha mochila que estava "sentada" na cadeira ao lado, pus nas costas e segui para casa.

Depois estive pensando: tomar cerveja sozinho é o mesmo que masturbar-se. A gente só aproveita o final. No primeiro caso, a sensação de leveza e no segundo... Bom no segundo caso todo mundo sabe não é mesmo?

Taciturno Calado
Enviado por Taciturno Calado em 28/08/2011
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