Escalpelamento: uma tragédia na Amazônia

Muita gente quando ouve falar em “escalpelamento” pensa que isso é algo do passado ou uma coisa que só existe no Cinema, pois logo se lembram de alguns filmes famosos do Velho Oeste Americano, como “Dança com Lobos” do ator Kevin Costner e “O Último dos Moicanos” com Daniel Day-Lewis.

Entretanto, quase ninguém sabe que esse tipo de tragédia ainda se faz bem presente em diversas localidades remotas da Amazônia brasileira, vitimando dezenas de mulheres e crianças. Infelizmente é justamente no arquipélago do Marajó, reconhecido internacionalmente pela suas grandes belezas naturais, é que se encontram atualmente os maiores registros de ocorrências de escalpelamento.

Na Amazônia quase não existem estradas e carros. Na maior floresta tropical do planeta, os rios são as estradas e os barcos fazem o papel dos carros. Tudo se transporta por meio dos barcos, que raramente atendem as condições de segurança.

Desde a década de 60, milhares de pequenas embarcações deixaram de ser movidas pela força do braço através das remadas, para serem conduzidas pela força mecânica de um tipo de motor pequeno colocado no centro da embarcação.

A introdução dessa nova tecnologia de baixo custo trouxe facilidades, mas fez surgir um enorme risco, pois nessas embarcações as pessoas, os animais, o combustível, as mercadorias e tudo o mais vai junto num mesmo espaço, o que causa um risco enorme de acidentes.

Assim, é nesse cenário que mulheres e crianças em algum momento de descuido deixam seus cabelos em contato com o eixo do motor que gira em alta rotação, ocorrendo o escalpelamento de forma abrupta e traumática.

Em alguns casos a perda dos cabelos é total. Além do couro cabeludo ocorre perda de sobrancelhas, pálpebras, orelhas e danos nos músculos da face e pescoço. As lesões às vezes são tão graves que podem provocar a morte por hemorragia, não dando chance sequer para o atendimento médico.

O tratamento das vítimas de escalpelamento é longo e penoso. Ele inclui uma dura jornada de cirurgias reparadoras com enxertos e tratamento psicológico. As vítimas precisam ficar internadas durante meses e até mais de um ano, o que desestabiliza totalmente a vida delas e de suas famílias.

Todos sabem que o cabelo ocupa um lugar importante na feminilidade da mulher, especialmente nas regiões ribeirinhas onde os cabelos longos são uma herança das tradições indígenas.

Quem conhece as belezas e encantos da Ilha de Marajó sabe que nada é mais triste do que ver a cena de uma bela mulher que juntamente com seus cabelos acabou perdendo o brilho nos olhos e o desejo de viver.

Eu que tanto admiro essa região maravilhosa almejo profundamente ver o engajamento de governantes e de todos os demais segmentos de nossa sociedade, para que juntos possamos banir de vez esse mal dos escalpelamentos, de modo que ele se torne realmente um evento do passado.

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Publicado no site Marajó OnLine, em 27/08/2011. Disponível em: http://www.marajoonline.com.br/2011/08/escalpelamento-uma-tragedia-na-amazonia.html

Publicado no site Voz do Marajó, em 02/09/2011. Disponível em: http://www.vozdomarajo.com/artigos/colaboradores/giovanni_salera_junior/2011/escalpelamento--uma-tragedia-na-amazonia.htm

Publicado no Jornal Brexó, edição n. 1799, p. 03, de 03/09/2011. Itaúna - Minas Gerais. Disponível em: http://www.jornalbrexo.com.br/1799%20-%2003.09.2011.pdf

Publicado no Jornal Poderes, edição n. 329, p. 12, de 09/09/2011. Goiânia - Goiás.

Publicado no Jornal Mesa de Bar News, edição n. 433, p. 15, de 07/10/2011. Gurupi - Estado do Tocantins.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

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Maiores informações em: http://recantodasletras.com.br/autores/salerajunior

Giovanni Salera Júnior
Enviado por Giovanni Salera Júnior em 27/08/2011
Reeditado em 09/01/2012
Código do texto: T3185561
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