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Névoas de Agosto

 
Quem me dera fosse um Joel Gomes Teixeira, para transcrever o que diz a alma, contando a realidade, não só minha como eu faço, mas do meio em que vivo e vivi. Mas no meu jeito eu vou levando minhas letras até quem se aventura a conhecê-las.
E quando o tempo nos leva para outros caminhos que não o natural, nós vemos o quanto é importante a memória do que passou, até mesmo para massagear o coração tão sofrido nos atuais dias em que vivemos.
O Joel é craque nisso, mas eu me surpreendo ao ver voltar diante de mim, fatos, que me vem e que eu tento passar para o teclado, mas simplesmente não tenho este talento, com relação às imagens a única coisa que eu sou capaz de fazer é contemplar extasiado, e por vezes associar isto a algo que eu já vivi, mas tenho uma enorme dificuldade em transcrever o ambiente e as coisas que rodeiam, senão em fantasia.
Disse uma vez ao escrever crônicas sobre Irati, que o único arquivo de que eu dispunha era a minha memória, e sempre foi, eu jamais tive a capacidade de ver algo hoje e associá-lo ao passado, com a intenção de passar para o “papel”, é mais fácil visitar minhas memórias, e muitas vezes contar estórias.
Resumindo, a fantasia e a minha memória, o que eu vivi falam por mim, nas letras. Sem ser autista eu sou assim.
Tomara que um dia, alguem venha e me diga que tudo isto que eu estou dizendo seja paradoxal com a realidade.

Um exemplo são os meses de Agosto, dos ventos, da névoa seca, este é o meu agente predileto de viagem, porque me toca a sensibilidade profundamente, há um que de saudade, nos ventos, “as bidês” espécie de pipa com uma armação feita de taquarinha de capoeira, alfinetes e fio de costura. Para a colagem, papel de seda e cola branca, era a brincadeira preferida.
Mas nada se compara a estas névoas secas ao longe, encobrindo o verde das serras, é uma nostalgia visual, época de queimadas para plantação, de tempo seco, do fim do inverno, e depois de alguma chuva, o verde anuncia a chegada da primavera, cobrindo-se de flores, sempre foi assim que eu vi os anos, e se não pude ser tão eloqüente quanto devia, minhas memórias podem ser postas e olhadas agora, exatamente como elas foram um dia.

Malgaxe
 



 
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 26/08/2011
Código do texto: T3184097
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