Crônica para a moçada esperta e para os eternos jovens
O poeta Edson Gonçalves Ferreira na Serra
da Estrela em Portugal
De Edson Gonçalves Ferreira
Para meus sobrinhos, Erik, Eduardo, Thiago, Lucas,
Marcos, Pedro, Rafael, Thúlio, Ana Tereza e Mariana
e Guilherme
Não tenho mais dezoito anos, mas não consigo ficar quieto. Tenho “formiga no rabo” como diz o povo. Amanheço frenético todos os dias. Telefono, escrevo artigos, navego na internet, trabalho, converso até boi dormir, tomo banho cantando, crio poesias, contos, escrevo colunas, minha cabeça gira mais que a Terra! Não páro, nem quando a noite avança. Meus hormônios gritam, gritam e gritam... Sou jovem, por dentro, quero engolir o mundo, a minha alegria de vida é tamanha que até Peter Pan gostaria de saber de qual a fonte bebi a água da juventude.
O poeta Edson Gonçalves Ferreira ao lado da
estátua do poeta Fernando Pessoa em Lisboa
Quando estou em sala-de-aula, conversando com a galera dos meus alunos, fico observando que, às vezes, quem é jovem na idade só, não sabe que a flor da juventude morre cedo, quando a alma não flore mais que o corpo. “Goza, goza da flor da mocidade que o tempo trata a toda ligeireza.../Oh, não aguardes que a madura idade, te converta esta flor, esta formosura, em pó, em cinza, em sombra, em nada”. Quão célebres as palavras do poeta Gregório de Matos Guerra. Se vocês não leram, moçada, leiam, por favor.
Hoje, enquanto espero minhas amigas chegarem para ensaiar canções para jogar na minha página na internet, depois de um dia de trabalho, mesmo com várias colunas escritas antecipadas para os jornais, preparando viagem de descanso, mas na qual ainda vou escrever muito, resolvi escrever esta crônica. O tempo voa. Não sei mais quantos anos eu tenho. Na cabeça, só tenho dezoito, talvez vinte, mais de quarenta não aceito. Calendário foi feito pra quê, gente? Só temos uma idade que é o tempo de florir e deixar frutos nesta vida. Depois, vem o trânsito, não é não?
Assim, vivo com a teimosia eterna de Emília, a do narizinho arrebitado, com a loucura de Dom Quixote, com a pressa do Coelho Maluco, com a curiosidade de Alice que enfiou na toca do coelho, fugindo do tufão e, principalmente, com a humanidade de Pinóquio que, nunca, aceitou que ele era apenas um boneco. Eu não aceito que seja apenas um homem que amadureceu. Sou um jovem poeta que Deus, num gesto de bondade, deixou que vivesse mais tempo.
Talvez, garotos, o que eu escreva sirva para alguma coisa. Afinal, não é à toa que me chamam de poeta. E como poeta, amo gente, amo o mundo. Queria abraçar a humanidade toda e como meus braços não dão conta, abraço-a com minhas palavras. E se minhas palavras amorosas servirem para ilustrar a vida de vocês, da humanidade, já está de bom tamanho. Eternidade talvez seja isto: perpetuar a nossa imagem na boca de quem está inaugurando o mundo. Afinal, só quem tem onze anos pode me chamar de velho e, também, chamará vocês, porque todos nós nascemos no século passado, não foi?
Divinópolis, 20.02.08. e republicado em 26.08.2011
O poeta Edson Gonçalves Ferreira na Serra
da Estrela em Portugal
De Edson Gonçalves Ferreira
Para meus sobrinhos, Erik, Eduardo, Thiago, Lucas,
Marcos, Pedro, Rafael, Thúlio, Ana Tereza e Mariana
e Guilherme
Não tenho mais dezoito anos, mas não consigo ficar quieto. Tenho “formiga no rabo” como diz o povo. Amanheço frenético todos os dias. Telefono, escrevo artigos, navego na internet, trabalho, converso até boi dormir, tomo banho cantando, crio poesias, contos, escrevo colunas, minha cabeça gira mais que a Terra! Não páro, nem quando a noite avança. Meus hormônios gritam, gritam e gritam... Sou jovem, por dentro, quero engolir o mundo, a minha alegria de vida é tamanha que até Peter Pan gostaria de saber de qual a fonte bebi a água da juventude.
O poeta Edson Gonçalves Ferreira ao lado da
estátua do poeta Fernando Pessoa em Lisboa
Quando estou em sala-de-aula, conversando com a galera dos meus alunos, fico observando que, às vezes, quem é jovem na idade só, não sabe que a flor da juventude morre cedo, quando a alma não flore mais que o corpo. “Goza, goza da flor da mocidade que o tempo trata a toda ligeireza.../Oh, não aguardes que a madura idade, te converta esta flor, esta formosura, em pó, em cinza, em sombra, em nada”. Quão célebres as palavras do poeta Gregório de Matos Guerra. Se vocês não leram, moçada, leiam, por favor.
Hoje, enquanto espero minhas amigas chegarem para ensaiar canções para jogar na minha página na internet, depois de um dia de trabalho, mesmo com várias colunas escritas antecipadas para os jornais, preparando viagem de descanso, mas na qual ainda vou escrever muito, resolvi escrever esta crônica. O tempo voa. Não sei mais quantos anos eu tenho. Na cabeça, só tenho dezoito, talvez vinte, mais de quarenta não aceito. Calendário foi feito pra quê, gente? Só temos uma idade que é o tempo de florir e deixar frutos nesta vida. Depois, vem o trânsito, não é não?
Assim, vivo com a teimosia eterna de Emília, a do narizinho arrebitado, com a loucura de Dom Quixote, com a pressa do Coelho Maluco, com a curiosidade de Alice que enfiou na toca do coelho, fugindo do tufão e, principalmente, com a humanidade de Pinóquio que, nunca, aceitou que ele era apenas um boneco. Eu não aceito que seja apenas um homem que amadureceu. Sou um jovem poeta que Deus, num gesto de bondade, deixou que vivesse mais tempo.
Talvez, garotos, o que eu escreva sirva para alguma coisa. Afinal, não é à toa que me chamam de poeta. E como poeta, amo gente, amo o mundo. Queria abraçar a humanidade toda e como meus braços não dão conta, abraço-a com minhas palavras. E se minhas palavras amorosas servirem para ilustrar a vida de vocês, da humanidade, já está de bom tamanho. Eternidade talvez seja isto: perpetuar a nossa imagem na boca de quem está inaugurando o mundo. Afinal, só quem tem onze anos pode me chamar de velho e, também, chamará vocês, porque todos nós nascemos no século passado, não foi?
Divinópolis, 20.02.08. e republicado em 26.08.2011