O SILÊNCIO DAS MÃOS
Tem dias que as palavras fogem, e não se sabe ao certo como expressar um sentimento indefinido que grita na tentativa de se libertar. E falta uma idéia, um presépio, palavras que expliquem o turbilhão de emoções que se tulmutuam dentro de nós.
E em um deses dias tentanto expressa-los em versos, meus olhos fixaram-se em minha mão de forma que era inútil desvia-los dela.
O verso perdeu o sentido e a folha em branco não tinha um porquê. Naquele momento só existia a mão e seus mistérios. Em minha imaginação ela criava formas e desenhos diversificados e curiosos. Surgia asas que alcançavam o apogeu na imensidão do céu, leques encantadores, coloridos, atrativos que simbolizavam poder e majestade, ou quem sabe uma folha de árvore tão pequena e comum de ser encontrada, porém cheia de traços, formatos pontiagudos e desconhecidos até mesmo por grandes biólogos.
Mãos em movimento lembram o vai e vem das ondas na imensidão do mar que deslumbra quem o admira e tira a vida de quem o desafia. E falando em diversidade, fala-se em raças que se modifica e se transforma, adquire diferentes características conforme sua descendência e mistura.
Raças que por vezes discriminadas, maltratadas, humilhadas, descriminadas, recriminadas por preconceitos banais.
Naquele instante cada dedo, com suas diferenças, formavam uma unidade. Cada raça formava uma nação. O país com todas suas diferenças formava um só Brasil.
Ali o silêncio de minhas mãos expressaram cada sentimento que não pude descrever, pois as palavras fizeram-se mãos e as mãos fizeram-se palavras.