Para quando é o bebê?
Era uma pessoa comum. Escutava a célebre pergunta quase que diariamente, em situações as mais diversas possíveis. Entrava no ônibus, lá vinha o trocador perguntar. Parava para tomar café na padaria, era abordada por uma senhora. Sempre muito tímida, no início, achou tudo meio estranho, até que se acostumou. A simpatia alheia e desconhecida, que antes parecia infundada, passou a contagiá-la em seu íntimo.
Estava mudando por dentro e por fora. À medida que a barriga crescia, mais atentava para o aconchego que sentia quando era abordada por desconhecidos querendo saber mais detalhes sobre sua pequena grande bênção. Pequena só no tamanho físico, que fique bem claro. Sentiu que as pessoas são boas e que o mundo não é tão ruim quanto parece às vezes. Sentiu que o grande papel de sua vida estava apenas começando.
Entendeu que as pessoas percebiam e, talvez até por isso, lhe destinavam o carinho despretensioso. Todos sabiam. Sabiam que ela se tornaria ainda mais importante para o mundo e o mundo dependeria um pouquinho mais dela.
Percebeu que algo superior – independente de religião ou crença – lhe convidava a participar do banquete da vida, com toda a pompa merecida. Tornara-se, enfim, especial.