NANDINHO
Armando, o Nandinho, é bom de copo e de papo! Aliás, uma coisa puxa a outra.
A diferença é que, também quase sempre, o papo, antes legal, acaba papo-cabeça e não há nada mais chato que aturar arroubos, lamúrias e efusões de carinho de pinguço inveterado.
E Nandinho não fugia à regra; começava bem e acabava que era uma lástima!
Profissional categorizado, respeitado e muito ouvido pelos colegas, era expert no seu mistér.
Trabalhava duro de segunda a quinta-feira, mas na sexta encerrava o expediente ás 14 horas...e sumia!
Mas a outra turma, a do copo, sabia muito bem onde encontrá-lo; no restaurante "A Toca", bem escondido num dos inúmeros becos do centro do Rio de Janeiro.
Alí, bem protegido dos olhares indiscretos, Nandinho e sua gente se reuniam para o almoço semanal e comiam como ávidos abades. Era cabeça de garoupa ao molho de frutos do mar, fumegantes terrinas de cozido verde, enormes peças de leitão à pururuca, suculentas macarronadas - tudo preparado por D Maria, baixinha e roliça, que, como capitã-de-cozinha, dirigia com mão de ferro o seu navio.
Bem, mas até chegar o almoço (e como demorava!) Nandinho emborcava uma quantidade considerável de um drinque que ele mesmo inventara. Àquele "negócio " ele chamava de Pororoca (o efeito era igual) e se resumia numa mistura de "bitter", gim, champanhe e mais uns líquidos estranhos. Só ele tomava "aquilo"! E como! Para apagar o fogo, lá iam algumas caldeiretas de chope gelado....e esse bate-bola se estendia...
O resultado, era mais do que previsível! Lá pelas tantas, Nandinho dava de rir, cumprimentar e abraçar todo mundo e, de repente parava, emudecia, "apagava" acordado.
E lá vai ele, escorado por dois amigos, pelo beco mais do que estreito e, no penoso caminho, vão passar pelo buteco "Bunda de Fora" (com exatos 2 metros por 1) apelido que lhe foi pespegado pelo fato de que os distintos fregueses, quando em pé no balcão, deixavam de fora apenas aquela parte da sua anatomia. Era de estarrecer o que estava exposto em suas prateleiras; era uma interessante coleção de garrafas de batida contendo coisas horrorosas em suspensão, todas com aqueles nomes sugestivos - "Pega ele", "Saco Mole", "Cobra Coral", "Deixa qu'eu chuto", "Amansa Corno"...
Com algum esforço, lá vão os três furando aquele mole de gente, copos na mão, murando o acanhado beco, quando veio lá do meio aquela voz de gozador;
- Caramba, cara! Essa é das boas, como é o nome desse veneno, maninho?
- O nome é Pororoca, amigo, o inventor é este cara aquí. Só que ele esqueceu de trazer o antídoto!
Armando, o Nandinho, é bom de copo e de papo! Aliás, uma coisa puxa a outra.
A diferença é que, também quase sempre, o papo, antes legal, acaba papo-cabeça e não há nada mais chato que aturar arroubos, lamúrias e efusões de carinho de pinguço inveterado.
E Nandinho não fugia à regra; começava bem e acabava que era uma lástima!
Profissional categorizado, respeitado e muito ouvido pelos colegas, era expert no seu mistér.
Trabalhava duro de segunda a quinta-feira, mas na sexta encerrava o expediente ás 14 horas...e sumia!
Mas a outra turma, a do copo, sabia muito bem onde encontrá-lo; no restaurante "A Toca", bem escondido num dos inúmeros becos do centro do Rio de Janeiro.
Alí, bem protegido dos olhares indiscretos, Nandinho e sua gente se reuniam para o almoço semanal e comiam como ávidos abades. Era cabeça de garoupa ao molho de frutos do mar, fumegantes terrinas de cozido verde, enormes peças de leitão à pururuca, suculentas macarronadas - tudo preparado por D Maria, baixinha e roliça, que, como capitã-de-cozinha, dirigia com mão de ferro o seu navio.
Bem, mas até chegar o almoço (e como demorava!) Nandinho emborcava uma quantidade considerável de um drinque que ele mesmo inventara. Àquele "negócio " ele chamava de Pororoca (o efeito era igual) e se resumia numa mistura de "bitter", gim, champanhe e mais uns líquidos estranhos. Só ele tomava "aquilo"! E como! Para apagar o fogo, lá iam algumas caldeiretas de chope gelado....e esse bate-bola se estendia...
O resultado, era mais do que previsível! Lá pelas tantas, Nandinho dava de rir, cumprimentar e abraçar todo mundo e, de repente parava, emudecia, "apagava" acordado.
E lá vai ele, escorado por dois amigos, pelo beco mais do que estreito e, no penoso caminho, vão passar pelo buteco "Bunda de Fora" (com exatos 2 metros por 1) apelido que lhe foi pespegado pelo fato de que os distintos fregueses, quando em pé no balcão, deixavam de fora apenas aquela parte da sua anatomia. Era de estarrecer o que estava exposto em suas prateleiras; era uma interessante coleção de garrafas de batida contendo coisas horrorosas em suspensão, todas com aqueles nomes sugestivos - "Pega ele", "Saco Mole", "Cobra Coral", "Deixa qu'eu chuto", "Amansa Corno"...
Com algum esforço, lá vão os três furando aquele mole de gente, copos na mão, murando o acanhado beco, quando veio lá do meio aquela voz de gozador;
- Caramba, cara! Essa é das boas, como é o nome desse veneno, maninho?
- O nome é Pororoca, amigo, o inventor é este cara aquí. Só que ele esqueceu de trazer o antídoto!