olhar vagabundo

Olhar vagabundo

Rubem Alves disse que o olhar dos avós é um olhar vagabundo, sem pressa...

Olhar um neto deve ser mesmo um deleite. Assim como o olhar que ele menciona quando fala da descoberta da beleza, da palavra pelo olhar...

O olhar mais instigador é o abstrato, não o que se vê, mas o que se vê e sente refletido no coração.

O olhar contemplativo é vagaroso, translúcido, embebido de ternura e inquietude ao mesmo tempo.

Quando olho para o verde das matas, um caminho estreito feito uma fenda no meio da natureza, eu me sinto misteriosamente encantada.

O olhar é o relicário que guarda as memórias registradas na alma...

Nem mesmo a cegueira faz com que o encantamento venha a fenecer a mágica do olhar.

Quem assistir um filme chamado Céu Vermelho compreenderá.

Olhar para você mesmo nem sempre é fácil, mas trazer a beleza do que se olha para dentro, é tornar o olhar mais sagrado.

O olhar vagabundo é como correnteza de rio manso, que vai saboreando o que vem pela margem, leva embora o que pode carregar de mansinho, na sua mágoa cristalina, no seu anoitecer, e amanhecer sob o calor da luz que emana de suas minúsculas moléculas.

“e os meus olhos ficam sorrindo...”Pixinguinha.

Os olhos sorriem quando não conseguimos expressar com palavras o turbilhão jogado no coração quando olhamos p alguém, algum lugar, ou para alguma coisa que nos causa sensação de paraíso. Esse sorriso no olhar só é visto por quem muito nos conhece, ou somente pelo coração de quem sonhou demais pelos olhos.

Mônica Ribeiro

11/06/2010

Mônica Ribeiro
Enviado por Mônica Ribeiro em 24/08/2011
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