SABEDORIA EM POUCAS PALAVRAS.

Neste mês de agosto completei 58 primaveras, opss invernos, e refletindo a respeito do meu tempo e olhando com um pouco mais de detalhes sobre a minha imagem refletida no espelho percebi o quanto estou perto da completa senilidade. Com um pouco mais de reflexão lembrei-me de alguns anciãos com suas qualidades e defeitos que conheci durante a minha passagem pela vida. Um detalhe me deteve; eles falam cada vez menos e despertam nos perceptivos e atenciosos cada vez mais atenção.

O que teria de misterioso neste sábio silêncio?

Com um pouco mais de atenção lembro do olhar manso, investigativo, penetrante, atento e revelador que faziam do seu interlocutor uma verdadeira presa voluntária. Seu respirar alternando, vezes profundo, vezes ofegante davam a impressão perfeita das suas diversas reflexões com consultas em seus arquivos empoeirados, mas repleto de virtudes. Por ocasiões fazia alguma menção de articular algumas palavras, mero engano, ficava apenas no propósito de ouvir e investigar um pouco mais o seu admoestador e pretensioso experimentado nas vicissitudes da vida.

Minha análise e inesperada reflexão levaram os meus pensamentos um pouco mais distantes nos tempos passados, lembrei do meu velho saudoso e querido vovô, suas frases curtas e modinhas, como dizia ser uma forma de expressão das pessoas do “seu lugar e da sua época” nas montanhas do interior de Portugal, sempre me esclareciam com exatidão alguns acontecimentos ou decisões a serem tomadas, com pouquíssimas palavras comunicava as suas impressões, na verdade esse dialeto senil com intrínseca sabedoria completava todas as lacunas das minhas mais complexas questões.

Sendo um pouco mais observador e atento com meus pensamentos, lembro dos diálogos com características de monologar, de uma verdadeira interação mental que acontecia quando das minhas inserções socrastianas entre eu o meu velho e sábio patriarca, quase que escutava os seus pensamentos, o seu olhar muitas vezes falava com a minha alma sem a necessidades das longos e intermináveis discussões habituais entre eu e os meus amigos, posso afirmar com segurança que os seus conhecimentos e suas experiências, através do seu profundo olhar esclareciam todas as minhas indagações.

Com um pouco mais de experiência, agora posso entender esse grande mistério; o arquivo da sua história era a chave da minha necessidade e o seu olhar às vezes distante, o orientador e direcionador determinante para as minhas seguras tomadas de decisões.

Nem sempre se precisa da voz mas fundamentalmente da presença.

Pense nisso!