II - CAMINHADA GASTRONÓMICA

Trata-se, sim, da continuação da mesma Caminhada. No recinto oficial de Festas e Divertimentos – onde tinha sido a recepção de todos os caminhantes – a Associação Cultural e Desportiva do Baraçal, organizadora de todo o evento desta tarde, esmerou-se em oferecer a toda a gente um repasto gastronómico à base de produtos e quejandos que a terra propicia. Em troca, uma compensação simbólica em dinheiro, pagando os sócios apenas cinquenta por cento. Numa das alas do recinto, em frente da bancada – à sombra dos castanheiros seculares – estavam alinhadas algumas mesas e bancos, que poderiam ser utilizados por todos. Soavam no relógio da torre as vinte horas quando começaram a afluir ao recinto todos os inscritos para este convívio – tivessem ou não participado na Caminhada inicial – sendo a espectativa e o apetite dignos de se lhe tirar o chapéu. A satisfação e a curiosidade eram enormes. A música ambiente, de dominante popular, era propícia ao acontecimento e o cheiro aromático dos acepipes estimulava o apetite e a impaciência dos comensais. Foi dado o sinal para o início do repasto. De um momento para o outro surgiram diversos colaboradores e colaboradoras desta festividade, trazendo uns e outros, pratos e travessas recheadas com alimentos díspares grelhados e/ou assados. E as mesas rapidamente se encheram de comes e bebes à fartura. Muitos sumos, águas diversas e os inevitáveis tintos e brancos da região. Muita cestaria foi distribuída com fatias de pão fresco e saboroso, trazido em grande quantidade de uma aldeia vizinha, especializada em pão regional de excelente qualidade. – Bom proveito para todos, disse o autarca do Baraçal, e sirvam-se à vontade. Há muita coisa a sair. Oxalá que gostem! E, de facto, todos se aplicaram, tanto ou mais como na Caminhada pedestre. – Ó Paula, está tudo uma maravilha: a carne bem assada. E estas febras? São uma tentação! – A entremeada está uma delícia e grelhada à maneira. Estão mesmo de matar! – Ó Mila, coma à vontade… Olhe que, uma vez por acaso, não mexe no colesterol! Ó Jaquim, que tal vai isso? Não faça cerimónia! – Ó senhor César, não tenha vergonha, faça de conta que está em sua casa! – Ó Tozé viu por aí o tintol? – É o que mais há e, até está fresco e tudo! – Quando acabar este, há mais para vir! E foi sempre a aviar: febras, entremeada, salsichas especiais grelhadas, chouriços e chouriças quanto baste, pão à farta e, eis senão quando, começa o correr a notícia de que estava para vir caldo verde. – Ena pá, até caldo verde, vem mesmo a calhar, dizem uns. Já cá devia estar, dizem outros. – Isto assim vale a pena! – Hoje não há colesterol para ninguém. Estava muita gente com estas considerações, quando se ouve dizer que vai haver bolaria e sobremesas do melhor que há. – O quê? Também sobremesa? – Olha, vês além? E todos se iam servindo e até repetindo. E o repasto estava mesmo aliciante. Saladas de fruta, com ananás e tudo, tortas tentadoras e muitos outros doces – Os diabetes andam por aí, não é? Mas, eu quero lá saber. As festas são aquela excepção em que toda a gente alinha! – Olha aqueles pudins, ali! – Se alguém quiser café, vai ali ao balcão, diz a Isabel, e até há digestivos e tudo! Não havia memória de um repasto tão generoso como o deste ano. No final, não se cantou o fado, que não há por cá grande atracção – salvo aquela geração de entradotes que o vão tolerando – mas deu-se início a uma sessão animada de karaoque, coordenada pelo conterrâneo César que – vindo todos os anos lá das bandas de França, faz sempre questão de animar o pessoal. Seguiu-se o inevitável baile para o qual todos são costumeiros em dar um pé de dança. E assim se passaram umas horas felizes e animadas, até pela noite dentro. Viu-se, pelo aparentar dos rostos, que este dia deixou marcas na alma da gente. Graças e parabéns a esta também feliz Associação Cultural.

Frassino Machado

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 22/08/2011
Reeditado em 22/08/2011
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