O REMÉDIO NEM SEMPRE VEM EM EMBALAGEM APROPRIADA

Passamos por momentos que, seria bom se pudéssemos evitá-los... Mas não! Independe de nós. Chamamos a esses, de inevitáveis.

Foi em um desses momentos que, sai de casa de cabeça quente, sem rumo, querendo me isolar. Não ouvir nada, nem ninguém.

Desejei um mundo só para mim; fugir de mim mesma – o recente acontecimento fez-me sentir raiva de mim!

Queria simplesmente, desligar a tomada da vida; da consciência.

Sai apressada, caminhando para exaurir a cratera.

A que horas eu voltaria? De onde? Certamente, nem eu saberia .

Durante o trajeto que, inconscientemente comecei a fazer.., eu falava para o meu eu; esbravejava entre lágrimas. Primeiro round da “Luta Livre” travada comigo mesma – socos, puxões de orelhas, cabelos - abri até mesmo, a minha boca, com as minhas mãos.. para que o meu grito saísse mais forte!

Eu queria me pegar... encravar as unhas no pescoço do meu eu!

Abestalhada, idiota, filha da mãe!

Não aprendes nunca?

Quando parei estava na estação do metrô; sentei-me em um dos bancos, à espera da serpente de aço. Chegou a primeira, segunda, terceira... e, eu... inerte. Só os olhos se moviam.

Passaram-se longos momentos, fui me acalmando. Eu já não brigava com o meu eu.

Agora, os meus olhos percorriam o ambiente, perscrutando... Tal qual, radar.

Percebi um senhor idoso apoiado em sua bengala.

Lá atrás – tentando alcançá-lo –, uma senhora igualmente idosa, corria com passos curtos, fazendo tilintar os saltos dos seus tamancos de madeira , sobre a calçada.

O marido de porte altivo – embora apoiado em uma bengala – mostrava o seu caráter intransigente e egocentrista.

Fitei-os até perdê-los de vista, enquanto que, o meu eu , cansado, ferido, falava baixinho sobre o casal.

Voltei para casa, mais aliviada, pronta para o recomeço – Viva a vida!

EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 22/08/2011
Reeditado em 30/11/2012
Código do texto: T3175249
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