Poliálogo paliativo - Da série: Humor sério no País do Pau Queimando
Levava eu a derradeira da prole ao seu pueril educandário, quando deparei com cena curiosa.
Discutiam efusivamente uma senhora de boa aparência e boa vestimenta e um embutido de autoridade pública que policia o trânsito, a respeito de intrigante acaso.
A tal senhora, detentora de um veículo cujo pneumático estepe é acoplado à porta traseira, tipo destes que trilhas faz, por esporte, enlameados aos domingos, argumentava certa de cheia estar por sua razão irretocável, a sua má sorte de ter tido, esse seu pneu reserva, furtado com roda e tudo.
- Serviço completo! - disse ela sobre a labuta do larápio que a deixara mais leve de uma roda.
- Mas isso não a isenta de suas responsabilidades de se manter segura e assim também aos outros que contigo transitam e deveria tê-lo reposto, o pneu, tão logo do rapa soubesse. - “contrargumentou” o vigilante social.
- Mas como? Aos berros, ia entrelaçando os braços, já ruborizada de ira e calor, a dantes polida senhora.
- Como podes isto me exigir se tu não honras seu juramento de servir e proteger? Onde estavas durante tal ato contra meu patrimônio que não me serviu ou protegeu? Só sabes tu, multar aqueles que suas contas pagam?
Não poucas são as vezes que me sinto um “extra terráqueo da terra do pau queimando”, pois nada disso acredito deveria existir.
Como pode uma ação oral onde tanto um quanto os dois, ou três, não detém sequer parcela da razão pela qual arduamente lutam?
Quão sério é um país que faz de suas autoridades milicianas vorazes observadores de detalhes importantes, mas não os forma para que o roubo e o furto não lhes furtem a honra diante de suas cidadãs ofendidas pela situação?
Me orgulharia, por mais contundente que seja tal diálogo nessa história, fosse apenas isso, uma história para contar e admirar seu criador pela imaginação e que nunca fosse cena cotidiana cá em nosso País do Pau Queimando.