BATENDO NA MESMA TECLA
Senhores, como posso eu, na qualidade perfunctórica de anamorfo e escantifado prebistério, compactuar com tamanha demonstração da mais torpe longitudinal, plenipotenciária perclustração que acomete diversionalmente toda a complexa tergiversionária compreensão da escalombrada alma humana. Como?
Bonito, não?
E os comentários?
- Pô, esse cara fala bonito demais!
- Caramba, vai falar assim no mato!
- Que profundidade de pensamento!
Até que um ,com a cabeça no lugar, pergunta:
- Pô, o que é que esse cara está querendo dizer, porque eu não entendí nada de nada?
Pois é, amigos, dando sequência ao que disse em minha crônica "Escrever, é preciso" vou continuar a bater de frente com muita gente que pensa e age assim. Gente que se coloca, sempre, dois palmos acima da plebe e concede-lhe, apenas, a complascência de um olhar de soslaio, de cima pra baixo.
Quem escreve assim, só vai ter leitores que, para não parecerem ignorantes, para parecerem também eruditos, vão elevá-lo a alturas olimpicas. E isso só vai servir para inflamar mais ainda seus egos e aprisioná-los em seus sedosos casulos.
Não, não e não! Só é admissível escrevermos para um grupo de eleitos, quando se está defendendo uma tese de doutorado. Fora disso, babau amigo, tô fora!
Querem um exemplo do pensamento que eu defendo?
Pois vai aí, na altissonante voz de Euclides da Cunha!
Os sertões! Obra épica de uma espetacular demonstração do genio humano, de assombrosa, contundente, milagrosa e estupenda análise de um formidável episódio da história de nossa pátria; a rebelião de Canudos!
Em sua primeira parte, quando descreve A Terra, ele trata o tema com a visão do geólogo que era. Aí, o foco é a ciência e temos que vê-la com olhos de didata quando ele diz:
" desponta-lhes em geral, normais às barrancas, estratos de um talcoxisto azul-escuro em placas brunidas reverberando a luz em fulgores metálicos e sobre elas, cobrindo extensas áreas, camadas menos resistentes de argila vermelha, cindidas de veios de quartzo, interceptando-lhes, discordantes, os planos estratigráficos."
Ainda assim, a sua descrição friamente técnica, deixa antever a visão do cronista e poeta, indisfarçada na cor e no ritmo da narração.
Mas, quando ele disseca o homem, a mudança é mais do que perceptível:
" O gaúcho do sul, ao encontrá-lo (o jagunço), nesse instante, sobrelhá-lo-ia comiserado.
O vaqueiro do norte é a sua antítese, na postura, no gesto, na palavra, na índole e nos hábitos, não há como compará-los.
O primeiro, filho dos plainos sem fins, afeito às correrias fáceis dos pampas e adaptado a uma natureza carinhosa que o encanta, tem, certo, feição mais carinhosa e atraente."
Aquí ele é, absolutamente, o cronista! Aquele que fala para todos, aquele que todos entendem!
É ele que dá colorido, alma, conteúdo e vida a tudo que descreve...é um mago!
E durante toda a saga de Canudos, vamos ver um maravilhoso desfilar de emoções, de cânticos sublimes, de heroismo impensado, de sangue e glória, de uma beleza rara.
Para encerrar, não posso deixar de transcrever outro capítulo dessa monumental obra, que nos orgulha e nos dá a certeza de que não há necessidade nenhuma de se escrever difícil e concluir que o importante mesmo é se fazer entender!
"Concluidas as pesquisas nos arredores, e recolhidas as armas e munições de guerra, os jagunços reuniram os cadáveres que jaziam esparsos em vários pontos. Decapitaram-nos. Queimaram os corpos. Alinharam depois, nas duas bordas da estrada, as cabeças, regularmente espaçadas, fronteando-se, faces volvidas para o caminho. Por cima, nos arbustos marginais mais altos, dependuraram os restos das fardas, calças e dólmãs multicores, selins, cinturões, quepes de listas rubras, capotes, mantas, cantis e mochilas.
....
Um pormenor doloroso completou essa encenação cruel: a uma banda avultava, empalado, erguido num galho seco, de angico, o corpo do coronel Tamarindo.
Aí está, simples, sem uma palavra metida a besta, e de uma pureza total em sua simplicidade.
E o moço aí atendia pelo nome de Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha!!
Agora, acho que encerrei a conversa e exauri o assunto. Que bom!
Deixo as conclusões para vocês, lembrando, porém que é sempre bom uma análise espectral, diamórfica, contextual, explextorante, diafusa, paradoxal e totalmente isenta de interlúdios melífluos e obliterados. Entenderam?
Senhores, como posso eu, na qualidade perfunctórica de anamorfo e escantifado prebistério, compactuar com tamanha demonstração da mais torpe longitudinal, plenipotenciária perclustração que acomete diversionalmente toda a complexa tergiversionária compreensão da escalombrada alma humana. Como?
Bonito, não?
E os comentários?
- Pô, esse cara fala bonito demais!
- Caramba, vai falar assim no mato!
- Que profundidade de pensamento!
Até que um ,com a cabeça no lugar, pergunta:
- Pô, o que é que esse cara está querendo dizer, porque eu não entendí nada de nada?
Pois é, amigos, dando sequência ao que disse em minha crônica "Escrever, é preciso" vou continuar a bater de frente com muita gente que pensa e age assim. Gente que se coloca, sempre, dois palmos acima da plebe e concede-lhe, apenas, a complascência de um olhar de soslaio, de cima pra baixo.
Quem escreve assim, só vai ter leitores que, para não parecerem ignorantes, para parecerem também eruditos, vão elevá-lo a alturas olimpicas. E isso só vai servir para inflamar mais ainda seus egos e aprisioná-los em seus sedosos casulos.
Não, não e não! Só é admissível escrevermos para um grupo de eleitos, quando se está defendendo uma tese de doutorado. Fora disso, babau amigo, tô fora!
Querem um exemplo do pensamento que eu defendo?
Pois vai aí, na altissonante voz de Euclides da Cunha!
Os sertões! Obra épica de uma espetacular demonstração do genio humano, de assombrosa, contundente, milagrosa e estupenda análise de um formidável episódio da história de nossa pátria; a rebelião de Canudos!
Em sua primeira parte, quando descreve A Terra, ele trata o tema com a visão do geólogo que era. Aí, o foco é a ciência e temos que vê-la com olhos de didata quando ele diz:
" desponta-lhes em geral, normais às barrancas, estratos de um talcoxisto azul-escuro em placas brunidas reverberando a luz em fulgores metálicos e sobre elas, cobrindo extensas áreas, camadas menos resistentes de argila vermelha, cindidas de veios de quartzo, interceptando-lhes, discordantes, os planos estratigráficos."
Ainda assim, a sua descrição friamente técnica, deixa antever a visão do cronista e poeta, indisfarçada na cor e no ritmo da narração.
Mas, quando ele disseca o homem, a mudança é mais do que perceptível:
" O gaúcho do sul, ao encontrá-lo (o jagunço), nesse instante, sobrelhá-lo-ia comiserado.
O vaqueiro do norte é a sua antítese, na postura, no gesto, na palavra, na índole e nos hábitos, não há como compará-los.
O primeiro, filho dos plainos sem fins, afeito às correrias fáceis dos pampas e adaptado a uma natureza carinhosa que o encanta, tem, certo, feição mais carinhosa e atraente."
Aquí ele é, absolutamente, o cronista! Aquele que fala para todos, aquele que todos entendem!
É ele que dá colorido, alma, conteúdo e vida a tudo que descreve...é um mago!
E durante toda a saga de Canudos, vamos ver um maravilhoso desfilar de emoções, de cânticos sublimes, de heroismo impensado, de sangue e glória, de uma beleza rara.
Para encerrar, não posso deixar de transcrever outro capítulo dessa monumental obra, que nos orgulha e nos dá a certeza de que não há necessidade nenhuma de se escrever difícil e concluir que o importante mesmo é se fazer entender!
"Concluidas as pesquisas nos arredores, e recolhidas as armas e munições de guerra, os jagunços reuniram os cadáveres que jaziam esparsos em vários pontos. Decapitaram-nos. Queimaram os corpos. Alinharam depois, nas duas bordas da estrada, as cabeças, regularmente espaçadas, fronteando-se, faces volvidas para o caminho. Por cima, nos arbustos marginais mais altos, dependuraram os restos das fardas, calças e dólmãs multicores, selins, cinturões, quepes de listas rubras, capotes, mantas, cantis e mochilas.
....
Um pormenor doloroso completou essa encenação cruel: a uma banda avultava, empalado, erguido num galho seco, de angico, o corpo do coronel Tamarindo.
Aí está, simples, sem uma palavra metida a besta, e de uma pureza total em sua simplicidade.
E o moço aí atendia pelo nome de Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha!!
Agora, acho que encerrei a conversa e exauri o assunto. Que bom!
Deixo as conclusões para vocês, lembrando, porém que é sempre bom uma análise espectral, diamórfica, contextual, explextorante, diafusa, paradoxal e totalmente isenta de interlúdios melífluos e obliterados. Entenderam?