A gente só perdoa o amar

A gente só perdoa o amar. Não o amor. Porque a pessoa quer continuar a estar no estado de amar, continua-se. Mas creio que isso não valha para amizades. O estado de coleguismo é muito raso. Muito menos valha para conveniências. Aliás, não se perdoa erros de conveniências.

Se estamos com alguém por conveniência, não há perdão. Mas, se estamos com alguém "por" e "com" e "para" todo e qualquer estado que nos remeta ao estado de amar... tudo é caridoso... tudo passa a ser doação, tudo se perdoa, tudo se suporta...

(Porque tudo convém)?

E aqui vem a pergunta: isto não seria também um tipo de conveniência?

...

Não sei se São Paulo, quando escreveu aos Coríntios tinha em mente as conveniências das relações...

E nem imagino, em sã ou vã consciência me equiparar a um texto de um autor de há milênios. Porém... se eu falasse a língua dos anjos... dos santos... e dos céus,talvez dissesse: na terra, sem conveniências, nenhum ser, nada seria...

É isso.

(Adriana Luz)