CORAGEM
Há pessoas que vencem na vida com muita determinação. Desvencilham-se das adversidades com muita coragem. Conheci uma dessas pessoas. Usarei o nome fictício de Juca, por uma questão ética. Foi o próprio Juca quem me contou sua história. O ano era 1961. Morava ele no interior de Minas, casado, lavrador e pai de uma “escadinha” de filhos. Adoecera e, para curar-se, tomou garrafadas receitadas por um pai-de-santo e raizeiros. Chegou a tomar remédios de curandeiros famosos. “Favas Contadas, Tiro Certo, Mão Santa, Coice de Mula”, entre outras. Mas foi só piorando, amarelando e começou a inchar. Alguém o orientou de que só teria como tratar da saúde em Belo Horizonte. Os amigos fizeram uma “vaquinha” para a passagem e ele veio com a cara e a coragem para a Capital. Foi direto para a fila dos indigentes da Santa Casa.Conseguiu consultar e o médico pediu-lhe uma bagatela de exames. No terceiro dia o dinheiro acabou e nem a metade dos exames estava feita. Foi aí que ele decidiu sentar-se na escadaria da Igreja São José e estendeu o chapéu, anunciando o seu problema. Com as esmolas comia no bandeijão, ali embaixo do Cine Brasil. Dormiu algumas noites debaixo de marquises, mas os próprios funcionários da Santa Casa o encaminharam ao abrigo Belo Horizonte. Depois de alguns dias esperando vaga, internou-se.
Recuperou a saúde. Lavrador e trabalhador como era, plantou uma bela roça de milho, feijão e arroz, conseguiu uma boa colheita e, com a subida do preço do feijão, conseguiu uma boa grana. De agregado, passou a proprietário. Comprou, à prestação, seis alqueires de terra boa. Até aí é o que me contou. Soube recentemente, que o amigo Juca é um médio fazendeiro no Estado de Rondônia.
Esta história do conterrâneo Juca me tem dado muita força para vencer os desafios e adversidades.