ARQUITETA DE ILUSÕES...

Não sabia de que maneira deveria incrementar o mensário de namoro, afinal tentava se superar mês após mês não apenas no amor,mas também nas maneiras de dizer ao outro o quanto era importante cada novo momento juntos.

Já havia passado pelas flores, cartões,bombons,músicas,jantares...

... Já havia se despido/vestido,fantasiando o amor de várias formas.

Lembrou então de fazer uma espécie de construção/rascunho de cada fase do namoro e lá se foi, cartolina e caneta hidrocor em punho,na ânsia de terminar logo essa edificação .

Resolveu fazer tijolos no papel e em cada um representaria suas buscas e conquistas. Seguiu assim por uma longa tarde e adentrou boa parte da noite.

Até que percebeu que ainda estava em meio a cartolina,fabricando

seus próprios enredos e viu nesse momento que já havia terminado bem antes do que gostaria.

Parou e refletiu pela primeira vez com uma lucidez atordoada,quase

insana...

... Na verdade já se haviam esgotados os esboços,os tijolos e os

planos que ainda restavam...bem, os tais projetos de vida, construídos e rascunhados na mente apaixonada e quase dormente daquela arquiteta de ilusões do amor,acabaram morrendo alí mesmo, antes de sair do papel.

A planta da obra já se havia esgotado e apenas pode perceber isso com real certeza quando se viu tentando debalde levar adiante um projeto de rabiscos em uma cartolina,que deixara a muito de ter um tijolo preenchido de emoção.

Apenas ela ainda não conseguia enxergar que naquele canteiro de obras,em mais um mensário de namoro, o fim da construção chegou muito antes da entrega das chaves.

Respirou fundo, rasgou a cartolina e ligou para ele dizendo : " Boa noite, hoje que fazemos mais um mês de namoro, entendi a razão de sua ausência, que apenas eu não percebia. Pude ver que seus olhos já não mais me viam e que sua boca já não sussurava palavras de amor, seus passos sempre seguindo adiante de mim se esgueiravam e só eu debalde te seguia,ou tentava. Mas em meio a uma construção de lembranças, pude me (des)montar e entender que jamais seríamos

tijolos de uma mesma empreitada.Feliz aniversário de liberdade ! "deixou o recado na caixa postal, desligou e foi dormir...

Sabia que de agora em diante, deveria todos os meses fazer um esboço de sua futura obra em rasgos de papel, seria mais fácil (re)fazer ou desfazer cada novo tijolinho.

Márcia Barcelos.

20/08/2011.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 20/08/2011
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