QUANDO TUDO ERA VERDE COMO A ESPERANÇA QUE HAVIA.
Esta secura, esta baixíssima umidade que chega a 12% nos meses de agosto e setembro em Brasília, não decorre exclusivamente da instabilidade do tempo, mas também dos efeitos que a agressão à natureza provoca.
Tempos houve, assim dizem os pioneiros e os que aqui chegaram até a década de oitenta, em que o Distrito Federal ainda dispunha de 80% de sua área inexplorada, e toda a sua vegetação propiciava um clima agradavelmente frio e úmido quase todo o ano. Chovia semanas seguidas. Havia já, além do Núcleo Bandeirante, Gama e Taguatinga, outras cidades circundando o Plano Piloto. A exemplo o Guará, construído em plena vigência do regime militar, época em que não se distribuía lotes e o sistema habitacional funcionava perfeitamente através da SHIS. Este era o órgão controlador e distribuidor dos imóveis, conforme inscrição e financiamento a baixo custo. O regime militar acabou e, com ele, o BNH e sua política habitacional. Com a emancipação política de Brasília, a escolha dos seus representantes por eleição abriu outros rumos, notadamente o da especulação imobiliária. Daí pra frente a política de distribuição gratuita de lotes tornou-se o “carro chefe” em todos os pleitos. Tudo isso provocou o desordenamento populacional e habitacional da periferia. Quem não era contemplado com a doação de um lote, invadia a área pública sabendo que, cedo ou tarde o governo, temendo a perda de votos, regularizaria a invasão, dando-lhe infra-estrutura e oficializando-a como Região Administrativa, popularmente conhecida como Cidade Satélite.
Movidos por esses interesses, governo e classe empresarial se beneficiam, jogando pro alto todo o plano diretor de Brasília, ameaçando-lhe o tombamento, deixando-a sufocada pelas satélites e toda a região do entorno. A área do Plano Piloto tornou-se pequena e incapaz de suportar o fluxo de veículos que para ela escoa de todas as cidades. E com certeza, em pouquíssimo tempo, o trânsito da Capital Federal estará pior do que o de São Paulo.
Para se chegar a tal situação áreas inteiras foram devastadas. O cerrado e as belíssimas flores do planalto desapareceram. Os altíssimos eucaliptos, que serviam para amenizar a pouca umidade foram arrancados com a mesma ação criminosa que devasta a Amazônia e outras regiões. Tudo cedeu espaço a novas cidades satélites e condomínios de luxo. A Estrada Parque, que liga o Plano Piloto a Taguatinga, anteriormente ladeada por belos eucaliptos, perdeu o belo visual que eles davam. Tudo agora é construção. Ou melhor, destruição, a bem da especulação mobiliaria, interesses políticos, grileiros e invasores. Por conta disso respira-se um ar cada vez mais seco, chega-se a mais de 32 graus de temperatura nos meses de agosto e setembro, quando Brasília arde em chamas, sua e lacrimeja ao lembrar-se da fria, úmida, chuvosa e verde Capital da Esperança.
Fotos: acima, Estrada Parque antes;
abaixo, Estrada Parque depois.
Esta secura, esta baixíssima umidade que chega a 12% nos meses de agosto e setembro em Brasília, não decorre exclusivamente da instabilidade do tempo, mas também dos efeitos que a agressão à natureza provoca.
Tempos houve, assim dizem os pioneiros e os que aqui chegaram até a década de oitenta, em que o Distrito Federal ainda dispunha de 80% de sua área inexplorada, e toda a sua vegetação propiciava um clima agradavelmente frio e úmido quase todo o ano. Chovia semanas seguidas. Havia já, além do Núcleo Bandeirante, Gama e Taguatinga, outras cidades circundando o Plano Piloto. A exemplo o Guará, construído em plena vigência do regime militar, época em que não se distribuía lotes e o sistema habitacional funcionava perfeitamente através da SHIS. Este era o órgão controlador e distribuidor dos imóveis, conforme inscrição e financiamento a baixo custo. O regime militar acabou e, com ele, o BNH e sua política habitacional. Com a emancipação política de Brasília, a escolha dos seus representantes por eleição abriu outros rumos, notadamente o da especulação imobiliária. Daí pra frente a política de distribuição gratuita de lotes tornou-se o “carro chefe” em todos os pleitos. Tudo isso provocou o desordenamento populacional e habitacional da periferia. Quem não era contemplado com a doação de um lote, invadia a área pública sabendo que, cedo ou tarde o governo, temendo a perda de votos, regularizaria a invasão, dando-lhe infra-estrutura e oficializando-a como Região Administrativa, popularmente conhecida como Cidade Satélite.
Movidos por esses interesses, governo e classe empresarial se beneficiam, jogando pro alto todo o plano diretor de Brasília, ameaçando-lhe o tombamento, deixando-a sufocada pelas satélites e toda a região do entorno. A área do Plano Piloto tornou-se pequena e incapaz de suportar o fluxo de veículos que para ela escoa de todas as cidades. E com certeza, em pouquíssimo tempo, o trânsito da Capital Federal estará pior do que o de São Paulo.
Para se chegar a tal situação áreas inteiras foram devastadas. O cerrado e as belíssimas flores do planalto desapareceram. Os altíssimos eucaliptos, que serviam para amenizar a pouca umidade foram arrancados com a mesma ação criminosa que devasta a Amazônia e outras regiões. Tudo cedeu espaço a novas cidades satélites e condomínios de luxo. A Estrada Parque, que liga o Plano Piloto a Taguatinga, anteriormente ladeada por belos eucaliptos, perdeu o belo visual que eles davam. Tudo agora é construção. Ou melhor, destruição, a bem da especulação mobiliaria, interesses políticos, grileiros e invasores. Por conta disso respira-se um ar cada vez mais seco, chega-se a mais de 32 graus de temperatura nos meses de agosto e setembro, quando Brasília arde em chamas, sua e lacrimeja ao lembrar-se da fria, úmida, chuvosa e verde Capital da Esperança.
Fotos: acima, Estrada Parque antes;
abaixo, Estrada Parque depois.