A LAGOA ESTÁ SECANDO
A lagoa do buriti, que recebeu este nome por causa dos pés de buriti que há dentro dela e ao seu redor, está situada no município de Jaraguari, próxima à divisa com o município de Bandeirantes, às margens da BR-163.
É um belo espetáculo da natureza, lindo de ver, principalmente ao pôr do sol e nas noites claras de luar. A água é azulzinha e os buritis são verdes e frondosos. Bandos de araras cruzam os ares em algazarras e desaparecem além, na mata de cerrado, onde ardem os ipês amarelos.
Li em “Bandeirantes, história e fé”, organizado pelo Pe. Luciano Scampini, no texto escrito pelo professor Hildebrando Campestrini, que Taunay e seus companheiros, seguindo, em 1867, “para alcançar Camapuã, Santana do Parnaíba e Minas Gerais, para entrar depois no Estado de São Paulo e atingir a Corte, para entregar os relatórios e as correspondências da Retirada da Laguna”, pernoitaram ali na lagoa.
Imagino-os, pois, sedentos e cansados, a apearem de seus cavalos, matarem a sede com a água pura e fresquinha, livrarem-se das botas e fardas empoeiradas e se banharem na lagoa, deixando-se ficar, depois, em camas improvisadas, à luz das estrelas, sob a copa dos imponentes buritis, em um merecido descanso, retomando, ao clarear do dia seguinte, a longa viagem.
Nessa época, acredito, a lagoa estava mais cheia e mais bonita que agora. O tempo e os homens têm colaborado para a sua lenta degradação. Com o desmatamento das áreas ao seu redor, para o plantio de lavouras e formação de pasto, as chuvas rarearam e os longos períodos de estio fazem com que, a cada dia, abaixe o nível de suas águas. Os pescadores acidentais e, mais recentemente, os braçais do DENIT vêm destruindo o capim das margens e derrubando os buritis.
Apesar de tudo, a lagoa resiste. Mas, até quando? A continuar abandonada e em total descaso, como agora, em poucos anos ela estará seca e sem os pés de buriti, restando-nos tão-somente a sua bela imagem gravada em nossas memórias e nas fotografias espalhadas por ai, feito cartões-postais.