O Circo chegou
Era um acontecimento marcante, na minha infância, quando anunciavam ou eu sabia, ou via os caminhões chegando na minha cidade para a montagem do circo. Minha alegria começava a acontecer; se ia às aulas, havia um espaço para sonhar com o que ia ser apresentado. Adorava os palhaços, os cantores, as ginásticas nos trapézios. Havia os grandes circos, com o Globo da Morte, que me causava admiração, mas receio pelo risco que os motoqueiros corriam dentro daquela armação de aço. Havia os menos requintados e os poeirinhas, que me dava uma pena danada ao ver suas lonas de cobertura remendadas. Para mim era tudo pura magia. Os bailarinos, os trapezistas com suas roupas brilhosas me encantavam. Havia alguns circos que no final apresentavam peças de teatro e eu gostava, chegando até a chorar com algumas que mobilizavam as emoções. Sentei em camarote, em cadeiras e , também, no “puleiro”. O que importava era me divertir.
Gostava tanto de circo que desejava, como criança, seguir com ele, mas as amarrações familiares eram mais fortes. Contentava-me no fundo do quintal da minha casa fazer espetáculo junto com meus irmãos e algumas amigas. Não sei bem que papel assumia, talvez de trapezista em um balanço que meu pai havia feito e colocado em uma frondosa mangueira. Talvez fosse atriz, já que me atraía muito este lado. Sei de inúmeras outras crianças, da minha época, que também amavam os circos e tinha também o desejo de partir em sua caminhada. Quem desconfiaria da dureza da vida que os artistas de circo levam? Luz e brilho faziam a imaginação correr a mil. Só adulta, levando meus filhos a alguns circos, é que foi passar pela minha cabeça que os palhaços não vivem só mostrando alegrias e que passam por dramas como qualquer ser humano. Os outros artistas, ao retirar suas maquiagens e suas vestimentas brilhosas, também sofrem , choram, amam, perdoam, perdem, têm desejos e insatisfações como qualquer mortal. Entretanto, passam a ilusão de que a vida é um constante brilho e só há espaço para alegria.
Conheço a história de um garoto que se apaixonou loucamente pela filha do dono do circo e que se apresentava como pequena trapezista. Ela se chamava Diana e ele me falava que quando escutava a letra da música que falava o nome da garota “Ô Diana...vem sonhar...”, ele revivia as emoções que sentia, mesmo estando já bem maduro em idade. Planejou partir com o circo, mas a menina não correspondia à sua paixão e, por ser criança, desconfiava que o dono do circo não iria aceitá-lo. Ficou sofrendo com sua primeira paixão .
Certa feita, conta-me um outro adulto que, quando pequeno, acompanhou o palhaço pelas ruas do interior, junto com tudo que era maloqueiro. Tinha que cantar: ”Ô raio o sol, suspende a lua, olha o palhaço no meio da rua...Hoje tem espetáculo?” A garotada respondia: “Tem, sim, senhor!” – “Oito horas da noite?...”. Chegou em casa não quis tomar banho para não sair o carimbo no braço que era garantia para entrada livre ao circo. O pai desconfiou, a mãe também e o castigo aconteceu, privado de ir à estréia, para tristeza e desilusão do pequeno.
Anos passam e não freqüento mais os circos, mas amo teatro, talvez pelas emoções vividas lá atrás. Continuo, entretanto, com o registro do mundo mágico, brincalhão, encantador que o circo proporciona. Quando aparecer um, com netos ou sem netos, estou com o propósito de ir assistir ao espetáculo.
Era um acontecimento marcante, na minha infância, quando anunciavam ou eu sabia, ou via os caminhões chegando na minha cidade para a montagem do circo. Minha alegria começava a acontecer; se ia às aulas, havia um espaço para sonhar com o que ia ser apresentado. Adorava os palhaços, os cantores, as ginásticas nos trapézios. Havia os grandes circos, com o Globo da Morte, que me causava admiração, mas receio pelo risco que os motoqueiros corriam dentro daquela armação de aço. Havia os menos requintados e os poeirinhas, que me dava uma pena danada ao ver suas lonas de cobertura remendadas. Para mim era tudo pura magia. Os bailarinos, os trapezistas com suas roupas brilhosas me encantavam. Havia alguns circos que no final apresentavam peças de teatro e eu gostava, chegando até a chorar com algumas que mobilizavam as emoções. Sentei em camarote, em cadeiras e , também, no “puleiro”. O que importava era me divertir.
Gostava tanto de circo que desejava, como criança, seguir com ele, mas as amarrações familiares eram mais fortes. Contentava-me no fundo do quintal da minha casa fazer espetáculo junto com meus irmãos e algumas amigas. Não sei bem que papel assumia, talvez de trapezista em um balanço que meu pai havia feito e colocado em uma frondosa mangueira. Talvez fosse atriz, já que me atraía muito este lado. Sei de inúmeras outras crianças, da minha época, que também amavam os circos e tinha também o desejo de partir em sua caminhada. Quem desconfiaria da dureza da vida que os artistas de circo levam? Luz e brilho faziam a imaginação correr a mil. Só adulta, levando meus filhos a alguns circos, é que foi passar pela minha cabeça que os palhaços não vivem só mostrando alegrias e que passam por dramas como qualquer ser humano. Os outros artistas, ao retirar suas maquiagens e suas vestimentas brilhosas, também sofrem , choram, amam, perdoam, perdem, têm desejos e insatisfações como qualquer mortal. Entretanto, passam a ilusão de que a vida é um constante brilho e só há espaço para alegria.
Conheço a história de um garoto que se apaixonou loucamente pela filha do dono do circo e que se apresentava como pequena trapezista. Ela se chamava Diana e ele me falava que quando escutava a letra da música que falava o nome da garota “Ô Diana...vem sonhar...”, ele revivia as emoções que sentia, mesmo estando já bem maduro em idade. Planejou partir com o circo, mas a menina não correspondia à sua paixão e, por ser criança, desconfiava que o dono do circo não iria aceitá-lo. Ficou sofrendo com sua primeira paixão .
Certa feita, conta-me um outro adulto que, quando pequeno, acompanhou o palhaço pelas ruas do interior, junto com tudo que era maloqueiro. Tinha que cantar: ”Ô raio o sol, suspende a lua, olha o palhaço no meio da rua...Hoje tem espetáculo?” A garotada respondia: “Tem, sim, senhor!” – “Oito horas da noite?...”. Chegou em casa não quis tomar banho para não sair o carimbo no braço que era garantia para entrada livre ao circo. O pai desconfiou, a mãe também e o castigo aconteceu, privado de ir à estréia, para tristeza e desilusão do pequeno.
Anos passam e não freqüento mais os circos, mas amo teatro, talvez pelas emoções vividas lá atrás. Continuo, entretanto, com o registro do mundo mágico, brincalhão, encantador que o circo proporciona. Quando aparecer um, com netos ou sem netos, estou com o propósito de ir assistir ao espetáculo.