Quem é jovem e quem é idoso?
Algumas vezes ficamos confusos diante de conceitos tão simples quanto jovem ou idoso. Há pouco tempo recebi um e-mail de um senhor aposentado, começava dizendo que era um homem muito idoso e que precisava de orientações para escrever a sua autobiografia. Tinha passagens de sua vida que ninguém conhecia, e agora que estava no fim da vida queria contá-la em detalhes para seus filhos e netos.
Trocamos e-mails, eu o aconselhei a organizar os capítulos, pensar no início, se queria começar contando os primeiros anos ou contar algo bem inusitado e depois narrar fatos de sua infância, e perguntei quando anos ele tinha. Você imagina quantos? 85, 90, 95, 100 anos?
Quando ele falou o ano em que nasceu, eu pensei que ele tinha errado ao digitar. Eu lhe enviei um e-mail perguntando: Você acaba de completar 62 anos? Sim, respondeu. Sou aposentado e idoso. Idoso de cabeça! Tive desejos de retrucar. Mas não disse nada, cada pessoa tem o direito de ter a idade mental que deseja.
O contrário aconteceu com dom Elías, meu mestre de Jhorei. Quando me falaram dele, eu pensei que era um mestre israelita dedicado à kabala, quando fui vê-lo fiquei surpresa, era um velhinho japonês. Depois ele me contou que nascera no Japão e tinha pouco mais de 20 anos quando veio para o Brasil. Como seu nome era muito complicado, não conseguiram traduzi-lo, e ao fazer os documentos um funcionário achou que era parecido com Elías, e assim ficou. Quando o conheci, tinha 84 anos.
Aos 85 anos um dia me disse: Ontem levei meu neto ao parque, comecei a correr com ele, mas fiquei muito cansado, não consegui correr, acho que estou começando a ficar velho... Ele morreu meses depois, mas não chegou a ficar velho, morreu quando sentiu que “estava começando a ficar velho”.
Penso que nós temos duas idades, a idade do corpo, aquele que está registrada na certidão de nascimento, e a idade da mente, essa não depende da folhinha, mas da atitude que temos diante da vida, da força interior.