Felicidade
Recordo-me muito bem! Início de minha mocidade, sem emprego ainda, sem dinheiro algum, bolso sempre vazio, e sem namorada, um requisito, na época, importante para mim.
Quando o ano se esgotava ,no dia 31 de dezembro, comprava na papelaria uma agenda, pensando em anotar todas as minhas emoções, dia após dia. Também apontava bobagens: “hoje tomei em taça dupla, o sorvete Peach Melba( vinha com pêssego natural), em baixo do Edifício Ópera, na praia de Botafogo, para ver se engordo um pouquinho”. “Amanhã, começarei a andar de bicicleta, às 4,00 da manhã, para evitar o trânsito, fazendo o circuito botafogo, lagoa, jardim botânico, Leblon, Ipanema, Copacabana, parando no bar do Miguel Vovô , para tomar um copo de leite”.
Este ímpeto acabava lá pelo mês de abril. Esquecia a agenda e só retomaria no ano seguinte, prometendo e nunca cumprindo, anotar as emoções do ano inteiro.
Estou dizendo isso, meu amigos leitores, para assinalar uma coisa extraordinária. Até hoje não tenho explicação. Num desses anos, lá pelo mês de março, escrevi, para meu próprio espanto: “hoje estou sentindo uma alegria avassaladora, maravilhosa, mesmo! Uma sensação de leveza, parece que vou explodir de tanta alegria”. E anotei mais adiante: “ não consigo entender porque estou tão alegre, nada aconteceu externamente para essa alegria, que é autêntica. Continuo sem dinheiro no bolso, sem emprego e sem namorada. E essa alegria estonteante permaneceu o dia inteiro.”
Claro, tive no decorrer da vida muitas outras alegrias: nascimento de minhas filhas, aprovação em concurso público, vitórias profissionais. Mas como aquela alegria, lá atrás, sem qualquer fonte externa, jamais se repetiu!
Li alguém comentando sobre felicidade e fazendo alusão aos povos ricos.
Segundo o comentário, não é possível conectar riqueza com felicidade. Sem trocadilho, esse é um tema rico para ser comentado. Espero que alguém, com a inteligência que não tenho, ainda escreva sobre isso. Afinal, no fundo, no fundo, o que queremos é a tão falada felicidade. Daria tudo para ter aquela felicidade que falei no início desta crônica.
A comentarista, que me fez pensar hoje sobre a felicidade, nos diz que viu povos pobres que exibiam alegria, ao passo que os povos ricos, ela pode constatar que eram educados, seguiam as regras da boa convivência, mas não exibiam alegria de modo algum.
Baseado no que senti e não sei explicar posso dizer que o mundo moderno entrou num atalho sem saída: o consumismo exagerado não nos traz alegria e muito menos felicidade. As revoltas que estamos assistindo no mundo inteiro são dos excluídos desse consumismo maléfico, também querem entrar neste beco sem saída. Que lástima!
Os bons psicólogos começam a desconfiar que é exatamente esse consumismo fora de controle que vem provocando frustração e a violência dos jovens.
Bem, meus amigos, é bom conversar sobre este tema tão fundamental e, de certa forma, todos falamos sobre isso, brincando, falando sério, fazendo poesia, escrevendo crônicas.
Talvez seja impossível correr atrás da felicidade. Desconfio que é ela que chega até nós, misteriosamente, sem explicação.
O que será que aconteceu, para ela ter vindo até mim, sem eu pedir, mas apenas uma única vez?
Recordo-me muito bem! Início de minha mocidade, sem emprego ainda, sem dinheiro algum, bolso sempre vazio, e sem namorada, um requisito, na época, importante para mim.
Quando o ano se esgotava ,no dia 31 de dezembro, comprava na papelaria uma agenda, pensando em anotar todas as minhas emoções, dia após dia. Também apontava bobagens: “hoje tomei em taça dupla, o sorvete Peach Melba( vinha com pêssego natural), em baixo do Edifício Ópera, na praia de Botafogo, para ver se engordo um pouquinho”. “Amanhã, começarei a andar de bicicleta, às 4,00 da manhã, para evitar o trânsito, fazendo o circuito botafogo, lagoa, jardim botânico, Leblon, Ipanema, Copacabana, parando no bar do Miguel Vovô , para tomar um copo de leite”.
Este ímpeto acabava lá pelo mês de abril. Esquecia a agenda e só retomaria no ano seguinte, prometendo e nunca cumprindo, anotar as emoções do ano inteiro.
Estou dizendo isso, meu amigos leitores, para assinalar uma coisa extraordinária. Até hoje não tenho explicação. Num desses anos, lá pelo mês de março, escrevi, para meu próprio espanto: “hoje estou sentindo uma alegria avassaladora, maravilhosa, mesmo! Uma sensação de leveza, parece que vou explodir de tanta alegria”. E anotei mais adiante: “ não consigo entender porque estou tão alegre, nada aconteceu externamente para essa alegria, que é autêntica. Continuo sem dinheiro no bolso, sem emprego e sem namorada. E essa alegria estonteante permaneceu o dia inteiro.”
Claro, tive no decorrer da vida muitas outras alegrias: nascimento de minhas filhas, aprovação em concurso público, vitórias profissionais. Mas como aquela alegria, lá atrás, sem qualquer fonte externa, jamais se repetiu!
Li alguém comentando sobre felicidade e fazendo alusão aos povos ricos.
Segundo o comentário, não é possível conectar riqueza com felicidade. Sem trocadilho, esse é um tema rico para ser comentado. Espero que alguém, com a inteligência que não tenho, ainda escreva sobre isso. Afinal, no fundo, no fundo, o que queremos é a tão falada felicidade. Daria tudo para ter aquela felicidade que falei no início desta crônica.
A comentarista, que me fez pensar hoje sobre a felicidade, nos diz que viu povos pobres que exibiam alegria, ao passo que os povos ricos, ela pode constatar que eram educados, seguiam as regras da boa convivência, mas não exibiam alegria de modo algum.
Baseado no que senti e não sei explicar posso dizer que o mundo moderno entrou num atalho sem saída: o consumismo exagerado não nos traz alegria e muito menos felicidade. As revoltas que estamos assistindo no mundo inteiro são dos excluídos desse consumismo maléfico, também querem entrar neste beco sem saída. Que lástima!
Os bons psicólogos começam a desconfiar que é exatamente esse consumismo fora de controle que vem provocando frustração e a violência dos jovens.
Bem, meus amigos, é bom conversar sobre este tema tão fundamental e, de certa forma, todos falamos sobre isso, brincando, falando sério, fazendo poesia, escrevendo crônicas.
Talvez seja impossível correr atrás da felicidade. Desconfio que é ela que chega até nós, misteriosamente, sem explicação.
O que será que aconteceu, para ela ter vindo até mim, sem eu pedir, mas apenas uma única vez?