TORMENTA PASSIONAL
O boletim do tempo escreve o roteiro de antes...
São marcas à espreita,na imensidão que finda aos olhos meus.
O crepúsculo empresta sua paleta à aquarela que oscila pela densidade
cinza chumbo.Brados titânicos rompem o silêncio em majestosa cacofonia
de fúria e poder.
A um só instante cobra ingresso no palco da ravina,encenando o gêne-
ro retórico.E o vento sibilante é antagonista na trama de um coração
impetuoso.Clarões diamantinos atravessam o leque de nuvens pelo céu
imerso em breu.
Cá estou,em meio a esta sinergia cósmica...plena dessa incandescên-
cia,aspiro a longos haustos o éter do absinto em cumplicidade com a
tormenta.
No pergaminho da memória,estranha embriaguez de saudade me assalta
o pensamento...e por ele desliza a pena da melancolia,riscando teu perfil
em amargo deja vu.
No preâmbulo da despedida não desvendaste as múltiplas facetas de
minh'alma artista.Hoje tudo é finito na distância que te levou pra bem
longe,dentro de mim.Os olhos da consciência consagraram a sonata do
que não dissemos.
Ai de nós!Na obscuridade de antanho mergulhei nas águas do sonho
e súbito...tombei náufraga no quebra- mar do desencanto.
Nada.Nada restou entremeio à negligência tua no pórtico do destino.
Meus sentimentos calcaram aos pés do abismo, a falta de ti.No limo
das circunstâncias,apenas o vazio sem contexto,sem história,sem tem-
poral de paixão.Somente a poesia inerte do adeus.
Apenas...o nada entre nós dois.
L.D.P