Um lugar de outro mundo

Que lugar tenebroso

macas por todos os lados

feridos, doentes aos montes,

numa enfermaria que se agrupavam

uns duzentos pacientes, e com eles

alguém que muito amo.

Parecia que eu estava num outro mundo

os pacientes também, talvez.

Mas no meio de tanto descalabro, todos pediam a Deus que os ajudassem por meio daqueles que estavam exercendo sua profissão:

médicos, enfermeiros, maqueiros, faxineiros.

Não se pensava em culpados, mas em atendimento médico, todos estava querendo viver.

Parecia um hospital de guerra, com tantos feridos a faca , a corsoco, a bala. Alguns com ferimentos expostos, outros já costurados, alguns pareciam loucos circulavam nus por entre as macas, balbuciando coisas ininteligíveis.

E eu zonza não dava para pensar coisa com coisa mesmo, num lugar daquele. Eu estava acompanhando minha mãe que tivera um AVC, mas juro a vocês que quando passou um morto, eu me agarrei nas mãos dela.

Mas no meio desse drama, os que estavam lá procuravam ajudar uns aos outros: trocar panos das macas, trocar fraldas, chamar para tomar um cafezinho, dividir a água da garrafinha comprada lá fora. Informar onde tinha os colchões cascas de ovos para que nossas pessoas queridas ficassem mais confortáveis e não criassem feridas.

Há poucos dias li numa revista famosa que se os pobres tivessem o mínimo na saúde, estava bom demais, que eles jamais seriam tratados como ricos porque não tinham dinheiro para pagar um plano de saúde.

Muito cruel...