É BOM AMAR?
Surge a manhã tristonha, sem alvores, sem qualquer ilusão.
Desperto e olho no meu leito: Ninho inerte, mas tão amigo, que me sustentou durante as horas amargas e também as felizes.
Olho o ambiente parcamente iluminado... Paredes azuladas, teto esverdeado, móveis descontrastantes... Uma lugubridade presente no ar, uma tristeza nos olhos, uma saudade no coração.
Eis minha vida a cada manhã sem sol. Quando não há alegria, efusões, não há quem motiva meu florescer.
Pergunto-me então: É bom amar? Amar quando o coração permanece sozinho, perdido num mundo flutuante de saudades, onde na maioria das vezes nos emaranhamos e nos libertamos mais tarde sem aquele amor e entusiasmo do início, que se torna tão distante, tão fugidio?
Amar é bom quando a dor não é maior que a alegria. Seria melhor se eles se equilibrassem.
É felicidade quando constantemente há dores a suportar?
Diga-me então: Vale a pena arriscar? Sofrer, amar, chorar?