Ó pátria amada idolatrada...

À Dilma

As campanhas filantrópicas e o tabalho voluntário são testemunhos de um estado incompetente. Verdadeiro alimento da ingenuidade de quem faz para o lucro da publicidade de quem movimenta o palco. A impressão de que vivemos num país abandonado de fato só se desfaz quando assistimos tais iniciativas de consolo. Acostumamos-nos a tais condições de bondade momentânea e é bem difícil tecer comentário porque é pior nada ter; todavia é preciso maturidade para compreender este fator de ocultação da realidade. Através destas campanhas parece que tudo está resolvido. Não está. A origem dos fatores continua a mesma desde o império iluminado. Fatores de ordem política apresentam uma nação sem amor aos seus compatriotas. É constituída de um estado gitantescamente enriquecido e cínico para com a maioria dos seus patrícios. Os impostos são grilhões e a escravidão à penúria. Para a pessoa física resta o abandono, pois o estado nada concede que não tenha antes auferido em grande parte. A educação é o investimento do indivíduo que luta para pagar esse direito, numa situação de risco, com altas somas para atingir a qualificação certificada ao estilo tecnocrático. Os reprovados que procurem o brejo! Formação cara e muitas vezes inútil porque o mercado não absorve integramente todo o tipo de formação.

Na saúde e na aposentadoria é novamente o indivíduo aquele que compra com o próprio dinheiro (pagando em prestações) um futuro de atendimento duvidoso sem nenhuma qualidade na falta de atendimento. O ouro do subsolo some como a Taça Jules Rimet.

Os meios de comunicação mostram ao povo: olhem como está à saúde, a educação, os cárceres como se o indivíduo fosse o responsável por todas as corrupções de estilo e mazelas do poder constituído. Recebemos a epidemia informativa das negligências através dos jornais, novelas e propagandas. Sempre o indivíduo comum sofrendo com a culpa na alma. Ena! Tudo é pago e nada funciona.

A ideia do crescimento recai integralmente na economia que se define assim: estado riquíssimo incentiva o crescimento desmedido em todas as áreas para satisfazer a sociedade competitiva que vai excluindo insaciavelmente vidas dentro da geografia desnutrida da nação. O indivíduo paga tudo, quando não paga morre. A política nacional vive toda a sua esfera de glamour dentro de um único ciclo de ingenuidade social que é a fase moral das questões e fatos. A moral maniqueísta do poder cerceador se representa através das industriosas manifestações das leis numa experimentação caríssima de prescrições cujo resultado fatal é a miséria aboluta do encarceiramento. Tudo vira lei. Fórmula de poder com a mais alta eficiência. Portanto a cura de tudo está na polícia, bem mais do que na medicina ou sociologia.

É o estado das instituições, jamais do indivíduo. Dentro das instituições é que se vive uma vida de equilíbrio financeiro. Aí sim mora a fonte de renda estável para os altos escalões. Fora dela somos levados ao seu labirinto de processos emaranhados e difíceis de serem desentranhados. A área pública para se destacar como força empreendedora se confunde com o empreendedor. Ela tem importância e o indivíduo nenhum, vou lhes ceder um exempo prático: tente enviar um e-mail para a Prefeitura de Santa Vitória do Palmar. Preencha o formulário de envio. Nome, endereço, “empresa” e “cargo”. Sem preenchimento de todos os dados do formulário não há envio. Você e eu, pessoa física, não somos uma voz aceitável, não somos empresa. Indivíduos não falem conosco, somos todos mudos numa nação de cegos. Cegos festivos e fraternos. Cegos novelescos e futebolísticos.

E viva a sociologia brasileira que é quase toda importada!

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 17/08/2011
Reeditado em 17/08/2011
Código do texto: T3165242
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