Evolução com sombra de retrocesso e vice-versa.
“O homem é livre, mas sua liberdade cessa quando ele não tem fé nela.”
- Jacques Casa nova de Seingalt
Nos primórdios da existência humana, onde os instintos, e não nossas figuras sociais definiam nossa identidade, o ambiente era visto como um mundo hostil, formado por uma imensidão de terras até então parcialmente invisíveis aos olhos do homem. As plantas eram venenosas e os animais eram selvagens, tornando tudo que era verde, ou tudo que se movimentasse em possíveis ameaças. A liberdade era um sentimento que nos acompanhava no primeiro abrir de olhos, e torna-se mais intenso após os primeiros passos caverna afora.
O tempo passou rápido, cerca de milhões de anos ou mais. Aquela sensação de liberdade foi reprimida e transformada em apenas batimentos acelerados do coração quando descobrimos algo que realmente nos motiva a viver. Mas o que nos motiva a viver? Antes de pensarmos, analisamos primeiramente a razão, que por sinal, não é criada por nós mesmos, e sim pelo meio em que vivemos. Através dessa razão, nos perguntamos se o que nos motiva a viver é certo ou errado aos olhos do mundo. A própria liberdade, aquela velha sensação ao dar aos primeiros passos para fora da caverna, hoje é definida por um dicionário qualquer como a ausência de submissão e de servidão, torna-se apenas um pressuposto para nos livrar de uma rotina chata e procurar algum lugar que nos faça, momentaneamente, nos sentir bem.
O homem, em sua evolução, deixou-se dominar por aquilo que outrora dominava. O relógio define todos os seus compromissos, sejam eles de seu interesse ou não. Ruas e avenidas definem sua trajetória, seja por terra, seja pelo asfalto. Até mesmo céus e mares, com suas inacreditáveis dimensões agora seguem rotas definidas. A comunicação, outrora utilizada para se dizer o que se realmente pensava, passou a ser controlada e analisada inúmeras vezes antes das primeiras palavras saírem da boca, uma vez que o que se diga pode ocasionalmente ofender o interlocutor.
Talvez o Lamarckismo não estivesse tão errado ao postular a teoria do Uso e desuso. Só que no contexto não-físico, uma vez deixamos o sentimento de liberdade de lado e transformamo-lo em uma utopia dos tempos modernos. E porque não falar da influência do ambiente em nós mesmos? Ainda num contexto não-físico, é claro, já que o ser humano se tornara um ser manipulador, que precisa agir de determinada forma em certos lugares e situações para conseguir o que deseja. Não que isso seja uma regra, mas apenas uma opção.
O homem evoluiu e o mundo seguiu em frente, não que isso seja necessariamente motivo de orgulho.