Decepcionando Graciliano Ramos
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."
Graciliano Ramos.
Concordo com a explanação de Graciliano Ramos, entretanto, não sou coerente com ela. É que a vontade de escrever é tamanha, que quando vejo, já postei minhas mal traçadas, quero dizer, digitadas, linhas. Percebo erros gramaticais, demasiado tarde, e ainda posto quase tudo no gênero literário incorreto. E o pior erro que meu amado escritor se refere é ao conteúdo, a mensagem que chega aos leitores. Preciso torcer mais, estou dependurando muitos textos pingando muitas gotas. Poderia usar a máxima, é errando que se aprende, para me defender, porém os leitores não precisam ler os meus erros enquanto aprendo. Não prometo deixar de escrever, mas torcer tantas vezes quanto achar necessário, depois enxaguar e voltar a torcer. Prossigo lendo meus amigos escritores aqui do Recanto e alguns escritores de cabeceira, assim, constantemente e humildemente aprendendo.
Errar é humano, e quem sabe um dia, não mais decepcionarei o Graciliano!