NA CAMA OU NO CHÃO...
Numa época, eu trabalhava e morava em Belo Horizonte. Numa tarde, no bairro Calafate passou por mim uma morena alta, creio que com mais de 1,75m, tão bonita e com um corpo que fazia todo mundo contemplar. Eu nunca fui de dirigir gracejos, conversinhas, sempre achei ridículo. Mas naquele dia, quando ela passou por mim pensei um pouco alto, acho que exclamei baixinho, "o que?!!!" E ela virou imediatamente e disse:
- Você não se enxerga? Deste tamaninho?
Eu media 1,65m e pesavo pouco mais de sessenta quilos. Hoje os anos se encarregaram de diminuir quase dois centímetros na altura mas aumentaram mais de dez quilos no peso.
Eu parei e sem me encabular respondi pausadamente:
- Na horizontal fica tudo igual.
Ela ficou brava, deu uns dois passos na minha direção e disse:
- Está sugerindo cama?
Continuando calmo eu respondi:
- Na cama, na lama, no chão ou no caixão... Na horizontal fica tudo igual.
Dei de ombro e fui me virando para seguir o meu caminho e ela veio atrás me pedindo para esperar, tocou o meu ombro e deu um sorriso lindo. Eu parei e pude ver o verde dos seus olhos, a blusa branca bem talhada e impossível deixar de perceber o sacrifício que os botões faziam para cumprirem a sua tarefa. Ela mudando totalmente o tom de voz e a expressão facial perguntou:
- Os versos já estavam prontos?
- Acho que não... Respondi confundindo estrofe com verso que para mim eram a mesma coisa.
- Eu adoro poesia, afirmou ela demonstrando muita calma e sensibilidade.
Agradeci por ela ter mostrado o lado simpático não permitindo que eu achasse que a beleza dela perdia o brilho diante da arrogância ou do mau humor e acrescentei que, ela, bonita como era devia se acostumar fingindo que não via nem ouvia, pois onde ela pisasse virava passarela e muitos espectadores aplaudem e até vaiam. Ela continuou sorrindo, fiz um gesto com a mão e continuei o meu caminho. Na verdade com muita vontade de olhar para trás.
Nunca mais nos vimos e ainda me lembro do fato e de tanta beleza.
Tem pouco tempo que aconteceu, eu estava completando 23 aninhos.
J Ferreira
Divinópolis
Em 12-08-2011.
Lembrei-me desse fato ao assistir o “espetáculo” que uma mocinha deu na rua próxima ao meu trabalho. Ela saia do colégio e parece que alguém mexeu com ela de uma forma que não agradou e aí perdeu a compostura, se é que tem.