AMOR VERTIGINOSO

Quarta-feira e estávamos na estação rodoviária. Eu queria dizer-te apenas um até breve, mas teus olhos que sempre me falaram das estrelas, dos luares e de lugares perfeitos, agora estavam dizendo-me adeus. Como custou-me entrar naquele ônibus instantes após beijar-te! As imagens da cidade se embaralhavam com momentos que vivi e que ainda queria viver contigo, tudo passava rapidamente diante dos meus olhos através de uma cortina de lágrimas, uma cachoeira de sentimentos e sensações. Do outro lado da janela do ônibus em movimento, o real e o imaginário se conciliavam.

Meu sol estava ficando pra trás e desta vez eu sabia que era definitivo. Meu sol, apelido carinhoso que te dei, agora fazia mais sentido diante do frio que abraçava minha alma. Eu estava distanciando-me da explosão de vida proporcionada pele tua presença de astro rei, soberano dos meus dias!

As luzes de Porto Alegre juntamente com as estrelas, faiscavam diante da minha névoa. A noite estava terrivelmente fria. Encostei o rosto, procurando uma posição confortável, como se isto fosse possível após ter tido a cabeça repousada no teu ombro e sentir teu carinho... O pensamento voa para o passado,passado tão próximo que ainda podia sentir o calor das tuas mãos me puxando para junto do teu corpo, para no último abraço. Os fleches dos momentos compartilhados por nós, brilhavam na escuridão da minha alma perdida. Eu sentia a fragilidade das minhas mãos diante do tempo, despertando na ansiedade de querer agarrar o passado para que ele não ele passasse, que nos deixasse naquele pequeno quarto de hotel, onde couberam grandes sonhos de amor, Meus dedos entre teus cabelos, teu cheiro, teu gosto...Eu queria parar o tempo ali, onde eu tive teu amor! Uma doce mentira que eu reconheci com os olhos da razão, porem não pude deixar de ouvi-la até o final.

Voltando ao presente, só vejo as estrelas que se destacam na negra noite. Como Porto alegre ficou para trás depressa... O tempo realmente não espera... Devo voltar à minha cidade, para minhas flores e espinhos, preciso continuar semeando meus jardins. Logo verei novamente minha terra e nela a face das verdades que plantei.

Como definir a transitoriedade do amor em nossas vidas? Uma porta aberta no vazio? Uma viagem na noite? Uma bela e elaborada cortina de lágrimas? Um céu com belas estrelas, a encantar com um brilho único? Um sol?

No imediatismo da dor humana podemos não achar uma definição onde caibam tantos sentimentos e sensações. Porem é certo que cedo ou tarde, o mesmo tempo que nos deixa no cárcere de um sentimento, aparentemente indelével, nos liberta. E ao sentirmos o coração se encher de um vazio, tudo o que queremos é viver fortes emoções,os sorrisos e as lágrimas de um grande, mesmo que vertiginoso amor.

Rosilayne Vasconcelos
Enviado por Rosilayne Vasconcelos em 14/08/2011
Reeditado em 12/12/2014
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